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    Pelé foi investigado pela ditadura na década de 1970

    DE SÃO PAULO

    22/08/2011 16h02

    O governo do Estado de São Paulo investigou Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, no período da ditadura. A informação consta em documentos encontrados abandonados no ano passado em um prédio da Polícia Civil em Santos.

    De acordo com a assessoria de imprensa do Arquivo Público do Estado de São Paulo, Pelé foi investigado após um homem lhe entregar um documento em uma homenagem em outubro de 1970. Na ocasião, Pelé recebeu da mão de um servidor público um manifesto pedindo a anistia a presos políticos. Mesmo não tendo causado ou estimulado o ato do ativista político, Pelé foi investigado por uma suspeita de ligação com a esquerda.

    A ficha de Pelé no Arquivo Público trata-se de uma pasta pequena com a descrição deste episódio apenas, conforme divulgou reportagem do jornal "O Estado de S. Paulo" nesta segunda-feira (22).

    Os documentos secretos do Deops (Departamento de Ordem Política e Social) estão abertos à consulta pública.

    Nelson Almeida - 22.jun.2011/France Presse
    Pelé foi investigado pelo governo após aproximação de um ativista político na época da ditatura
    Pelé foi investigado em 1970 após contato com ativista político

    ABERTURA

    O Arquivo Público, conta com 11,6 mil documentos disponíveis para a consulta do cidadão. Eles foram produzidos pelo Deops de 1924 a 1983.

    A transferência dos papéis aconteceu depois de reportagem da Folha, de fevereiro de 2010, revelar a existência do arquivo.

    Os documentos estavam abandonados em uma sala com cerca de 18 metros quadrados, trancada com cadeado, no segundo andar do Palácio da Polícia, atrás de dois elevadores.

    Os documentos do Deops --polícia política no Estado durante a ditadura militar-- mostram investigações feitas com sindicalistas, comunistas, guerrilheiros, políticos, padres e líderes estudantis.

    Um dos papéis revela, por exemplo, que Romeu Tuma, então chefe da polícia política, foi informado sobre um show de Chico Buarque em 1972.

    O arquivo também traz relatos de dois pescadores e de um funcionário público dando conta de que Carlos Marighella, líder guerrilheiro da ALN (Ação Libertadora Nacional), preparava uma ação no litoral paulista em 1969.

    O Arquivo Público afirma ter feito um trabalho de organização e limpeza dos documentos que estavam empoeirados e infestados por cupins.

    Foram gastos cerca de R$ 90 mil na restauração em um convênio feito entre a Associação de Amigos do Arquivo e a Secretaria da Justiça do Estado.

    A próxima etapa do trabalho será o diagnóstico de cerca de 150 caixas com documentos que precisam ser identificados, diz o Arquivo Público.

    Os documentos originais são abertos apenas aos pesquisadores, que deve assinar um termo de responsabilidade. Já o público em geral poderá consultar cópias autenticadas dos papéis.

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