A Comissão de Ética Pública recomendou à presidente Dilma Rousseff a exoneração de Carlos Lupi do cargo de ministro do Trabalho.
A decisão foi tomada por unanimidade em reunião do grupo nesta quarta-feira (30). "A comissão entendeu que ele não tinha explicado a base das acusações, que era a série de convênios irregulares firmados com pessoas do seu partido", afirmou Sepúlveda Pertence, presidente da Comissão.
Lupi foi assessor-fantasma da Câmara por quase seis anos
PT pressiona Dilma a afastar afilhados de Lupi no Trabalho
Decisão de manter Lupi cabe somente a Dilma, diz Carvalho
Braço direito de Lupi admite discutir saída antes da reforma ministerial
Geraldo Magela - 17.nov.2011/Agência Senado |
O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, fala no Senado |
A recomendação foi feita pelos cinco integrantes da comissão presentes à reunião, a última deste ano, após cerca de cinco horas de reunião. A justificativa do grupo não aponta um motivo específico para a defesa da saída do ministro, aponta apenas o artigo do Código de Conduta da Alta Administração Federal que permite à comissão dar ao gestor público uma advertência, censura ética ou sugestão de exoneração.
Lupi responde a suspeitas de irregularidades em convênios de sua pasta com entidades ligadas a seu partido.
A decisão da comissão surpreendeu até mesmo a base aliada. "Não sei se é fatal, mas é uma bala", disse o senador Romero Jucá (PMDB-RR). Em audiência no Congresso, Lupi chegou a afirmar no passado que "para me tirar, só abatido à bala".
Ele afirmou ainda que Lupi deu "explicações não satisfatórias" e "resposta inconveniente" à própria comissão e ao Congresso Nacional. A exoneração é o que se prevê de mais grave no código de ética.
CRISE
As suspeitas sobre o ministro começaram após reportagem da revista "Veja" no início do mês informar o envolvimento de servidores e ex-servidores do ministério em um esquema de cobrança de propinas que revertia recursos para o caixa do PDT.
Após a reportagem, Lupi afastou um dos envolvidos e afirmou que só deixaria o governo "abatido por bala". A presidente não gostou das declarações e ele se retratou logo depois.
No dia 12, uma nova publicação da "Veja" denunciou o uso de avião contratado por um dono de uma rede de ONGs beneficiária de convênios de mais de R$ 10 milhões com o Ministério do Trabalho. O ministro, que a princípio disse desconhecer o empresário, admitiu ter feito a viagem, mas não revelou quem pagou o voo.
A situação de Lupi ficou ainda mais complicada após reportagem da Folha do último dia 26 revelar que o ministro foi funcionário-fantasma da Câmara dos Deputados por quase seis anos. Ele ficou pendurado na folha de pagamento da Casa, com lotação na liderança do PDT, de dezembro de 2000 a junho de 2006.