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    Marcos Valério aponta Lula como chefe do mensalão, diz revista

    DE SÃO PAULO

    15/09/2012 10h34

    O empresário Marcos Valério de Souza acusou o ex-presidente Lula de chefiar o mensalão e disse que o PT usou R$ 350 milhões no esquema, segundo reportagem da revista "Veja" desta semana.

    O STF (Supremo Tribunal Federal) já condenou Valério, considerado operador do mensalão, por lavagem de dinheiro, corrupção ativa e peculato (desvio de dinheiro). Valério ainda precisa ser julgado por evasão de divisas e formação de quadrilha.

    A revista informa que a reportagem foi feita com base em revelações de parentes, amigos e associados de Valério.

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    "Não podem condenar apenas os mequetrefes. Só não sobrou para Lula porque eu, o Delúbio [Soares, ex-tesoureiro do PT] e o Zé [Dirceu, ex-ministro] não falamos", teria dito Valério em Belo Horizonte.

    A acusação da Procuradoria-Geral da República fala que o mensalão foi alimentado por R$ 136 milhões. Lula não foi acusado e nega ter tido relação com o empresário.

    Segundo Valério, R$ 350 milhões passaram pelo esquema. A entrada e saída de dinheiro estariam registradas num livro guardado a sete chaves por Delúbio.

    Num primeiro momento, o advogado de Valério, Marcelo Leonardo, disse à Folha que não confirmaria nem desmentiria as declarações atribuídas ao seu cliente porque, segundo ele, "não houve entrevista".

    Depois, mais tarde, afirmou que conversou com Valério e o empresário negou o teor da reportagem da revista. "Ele não deu entrevista, e negou toda a matéria, inclusive as declarações", disse.

    A reportagem não conseguiu falar com Lula para comentar a reportagem de "Veja".

    Ainda, de acordo com a revista, Valério teria afirmado que Lula seria o fiador das operações que abasteceram o esquema. E que Dirceu era o braço de Lula "que comandava".

    O texto da revista diz que o empresário tem relatado encontros que teve com o ex-presidente no Palácio do Planalto. "Do Zé ao Lula era só descer a escada. Isso se faz sem marcar. Ele dizia vamos lá embaixo", disse, segundo o texto.

    O empresário teria feito um acordo com o PT: em troca de não revelar detalhes, recebeu garantias de impunidade, ou um esforço para retardar o início do julgamento no STF. Mas agora, diante das condenações, teria começado a contar a amigos o que sabe.

    "O PT me fez de escudo, me usou como um boy de luxo. Mas eles se ferraram porque agora vai todo mundo para o ralo", teria dito Valério.

    Valério afirma que seu contato no PT era o assessor de Lula e presidente do instituto que leva o nome do petista, Paulo Okamotto. Segundo o empresário, Okamotto chegou a dar um "safanão" na esposa dele, Renilda Santiago, quando ela foi pedir para ele ser solto, na sua primeira prisão.

    O empresário teme ser assassinado. "Vão me matar. Tenho de agradecer por estar vivo até hoje", disse o empresário, segundo a reportagem.

    O advogado de José Dirceu, José Luis de Oliveira Lima, criticou a reportagem. "É no mínimo estranho que, na véspera do início do julgamento do meu cliente e próximo do primeiro turno da eleição municipal, a revista 'Veja' venha com matéria leviana, desprovida de fatos, depoimentos e documentos", disse o advogado.

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