A Justiça Eleitoral determinou que o PT retire do ar, na propaganda política em Salvador, o vídeo em que o candidato ACM Neto (DEM) dizia ser capaz de "dar uma surra" no então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A declaração foi feita em discurso no Congresso, em 2005, e vinha sendo explorada pela campanha de Nelson Pelegrino (PT).

Na TV, ACM Neto se diz arrependido de ter ameaçado bater em Lula

Em decisão publicada nesta quarta-feira (19), o juiz eleitoral Saulo Bahia deferiu o pedido da coligação do democrata e determinou, em duas liminares, a retirada da propaganda no rádio e na TV.

Para o magistrado, na versão editada pelo PT "parece haver desvirtuamento do seu contexto, de modo a distorcer a realidade e transmitir ao eleitorado a ideia de que o impetrante [ACM Neto] seria capaz de praticar atos de agressão contra qualquer pessoa, sem qualquer justificativa ou fundamento".

RETRATAÇÃO

Na noite de segunda (17), ACM Neto já havia feito, em seu horário eleitoral, um mea-culpa em relação ao episódio.

"Reagi realmente de uma forma indevida. Eu não tinha a experiência que tenho hoje. Estava começando a minha carreira. Mas o mais importante é que eu fui em frente. Eu não me deixei intimidar. E, hoje, os réus do mensalão estão sendo julgados e condenados pelo STF [Supremo Tribunal Federal]", disse no programa.

A retratação veio após Lula introduzir o episódio na campanha, três dias antes, durante comício com Pelegrino na capital baiana.

Na véspera, pesquisa Ibope apontou que a vantagem de ACM Neto sobre Pelegrino havia caído pela metade

"Se esse cidadão teve coragem de dizer que queria bater no presidente da República, imagina o que vai fazer com camelô em Salvador", disse Lula no palanque.

A campanha de ACM Neto também exibiu visita do candidato a um ponto de ambulantes na cidade --inclusive, com o líder da associação da categoria dizendo que vai votar no político. (NELSON BARROS NETO)