Alvo de protestos na Comissão de Direitos Humanos da Câmara, o pastor e deputado Marco Feliciano (PSC-SP) tem sido protegido por um exército de simpatizantes durante passagem por Santa Catarina.
Ele está em Camboriú (79 km de Florianópolis) desde quinta-feira (25) para participar do 31º Congresso Internacional de Missões, organizado pelos Gideões Missionários da Última Hora. Neste domingo (28) fará duas pregações.
Preferido do público, Feliciano participou outras sete vezes do evento, segundo os organizadores, e em ao menos duas fez declarações polêmicas. O deputado tem sido criticado por opiniões consideradas homofóbicas e racistas por ativistas dos Direitos Humanos. O pastor nega as acusações.
A Folha apurou que, por afinidade religiosa, até policiais se infiltraram entre os fiéis neste ano para proteger Feliciano em caso de protestos, o que não ocorreu.
Oficialmente, a Polícia Militar afirma que não há efetivo extra por causa do polêmico presidente da Comissão dos Direitos Humanos. Diz que há reforço de outras cidades do Estado por causa do congresso, que começou no sábado (20) e vai até 1º de maio com expectativa de reunir 150 mil pessoas no período.
Os organizadores não detalharam o esquema de segurança, apesar de reconheceram preocupação com as reações que a presença de Feliciano poderia causar. Informaram apenas que há mais de 1.200 pessoas trabalhando como voluntários.
"Não podemos facilitar os protestos, especialmente em um lugar cheio de pessoas que gostam dele (Feliciano). Poderia haver conflito", disse Heron Macelai, um dos organizadores.
PERSEGUIÇÃO
Seguidores de Feliciano ouvidos pela reportagem disseram que, se houvesse protesto, reagiram em nome do pastor.
"Se alguém viesse aqui, ia dar problema", disse à Folha um paulista que está desde a última quarta-feira (24) na cidade para o congresso.
No centro do município, a poucos metros do ginásio onde ocorre o evento, há uma faixa com foto do pastor que diz:
"Agradeço a todos os irmãos e irmãs que têm me apoiado e me coberto com suas orações nesse momento de perseguição."
Camboriú tem 62.361 habitantes, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Fica a três quilômetros de Balneário Camboriú, município com 108.089 moradores famosa por receber milhões de turistas no verão.
IMPRENSA
Nos quatro dias que passou em Caboriú, Feliciano evitou falar com a imprensa. Ele é o principal pregador do evento cujo slogan é "A colheita ainda não acabou, Avante!".
Neste domingo (28), única data em que aparece na lista de pregadores, Feliciano chegou ao ginásio Irineu Bornhausen de carro, entrou pela porta destinada às autoridades e calou-se diante de perguntas sobre a permanência na Comissão de Direitos Humanos da Câmara.
Na quinta-feira (25), logo depois de chegar ao local de helicóptero, perdeu um dos sapatos ao apressar-se para driblar os jornalistas. Diante das perguntas, pediu respeito e disse que estava ali "para pregar".
Na sexta-feira (26), ele também não pregou. Mas arrancou aplausos das quase 5.000 pessoas no ginásio, segundo contagem dos organizadores, ao dizer "eu represento vocês".
Feliciano referia-se ao protesto que surgiu nas redes sociais e tem como slogan a frase "Feliciano não me representa". As manifestações contam com apoio de artistas.