Cerca de 300 integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) invadiram na manhã desta quarta-feira (31) a fazenda Santo Henrique, na região de Borebi (a 309 km de São Paulo), no interior de São Paulo.
Segundo a Polícia Militar, a invasão começou por volta das 7h e ocorreu de forma pacífica. Essa é a quinta vez que a fazenda Santo Henrique é invadida em quatro anos. A área, de 2.600 hectares, é utilizada pela Cutrale para plantio de laranja.
Em seu site, o MST reivindica que a área, objeto de ação reivindicatória do Incra desde 2006, seja destinada à reforma agrária.
O Incra (instituto responsável pela reforma agrária) afirma que a fazenda é uma área pública que integrava o Núcleo Colonial Monções --projeto de colonização para imigrantes patrocinado pelo governo federal no início do século 20.
A Justiça Federal bloqueou a matrícula do imóvel no dia 10 de julho. A decisão, da 1ª Vara Federal de Ourinhos, impede que ocorram transações como compra e venda do imóvel até que ocorra uma decisão definitiva sobre o domínio da área.
Em nota, a Cutrale diz que "já demonstrou a legalidade na aquisição da propriedade e está tomando as devidas providências para que a posse da propriedade seja reintegrada". Segundo a empresa, cerca de 500 colaboradores estão impedidos de trabalhar devido à invasão da área.
"A empresa lamenta a nova invasão à propriedade agrícola, que gera centenas de empregos diretos, apresenta alta produtividade e resulta em benefício para toda a região", afirma.
Em nota, a Cutrale afirma que obteve nova liminar que garante a reintegração de posse imediata da fazenda, concedida pela Justiça de Lençóis Paulista. Até as 18h de ontem, integrantes do MST ainda estavam na fazenda Santo Henrique. Segundo a Polícia Militar, o movimento pediu um prazo de 24h para sair do local.
Billy Mao/Futura Press/Folhapress | ||
Integrantes do MST ocupam a fazenda da Cutrale, em Borebi (a 309 km de São Paulo) |
DEPREDAÇÃO
A fazenda Santo Henrique ficou conhecida nacionalmente pelo histórico de invasões e depredações. Em 2009, após a primeira invasão, a polícia filmou pessoas passando com um trator sobre os pés de laranja. Na época, o MST atribuiu a depredação a pessoas "infiltradas".
Em junho deste ano, paredes e máquinas da fazenda foram pichadas e laranjas foram jogadas no chão, formando mensagens contra o uso de agrotóxicos.
O MST diz que o objetivo das ações "nunca foi causar destruição ou vandalismo" e que foi alvo de uma "campanha negativa para esconder os verdadeiros atos criminosos praticados pela Cutrale".