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    Rio de Janeiro

    'Sou de esquerda, mas ninguém acredita', diz FHC

    BERNARDO MELLO FRANCO
    DO RIO

    09/04/2014 11h44

    Em encontro com intelectuais no Rio, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso brincou na noite desta terça-feira (8) com a imagem de neoliberal. Ele afirmou que é de esquerda, mas ninguém acredita.

    "Hoje, se disser que sou de esquerda, as pessoas não vão acreditar. Embora seja verdade. É verdade!", jurou, em debate no Museu de Arte do Rio com o ex-ministro Sergio Paulo Rouanet.

    Prestes a reaparecer na TV na propaganda do PSDB, que vai ao ar dia 17, o tucano desdenhou a pesquisa Datafolha que mostrou que 57% dos brasileiros não votariam em um candidato apoiado por ele.

    "Isso não vale muito. Essas opiniões são muito momentâneas. E não é isso que conta. O que conta é se você tem ou não convicção", afirmou. "Em política, você não tem que contar quem é a favor e quem é contra. Você tem que transformar quem é contra em a favor. Tem que argumentar."

    Bernardo Mello Franco-08.abr.2014/Folhapress
    O canto Gilberto Gil e o ex-presidente FHC após seminário no Museu de Arte do Rio; ao fundo, a socióloga Barbara Freitag
    Gilberto Gil e FHC após seminário no Museu de Arte do Rio; ao fundo, a socióloga Barbara Freitag

    O programa do dia 17 marcará uma guinada na relação do marketing tucano com FHC. O presidenciável Aécio Neves promete reabilitar o ex-presidente, que deixou o poder há mais de 11 anos com altos índices de reprovação. Nas ultimas três campanhas, ele foi deixado de lado por José Serra e Geraldo Alckmin.

    Questionado sobre sua fala na propaganda, FHC desconversou. "Gravei alguma coisa, mas não me lembro mais, sinceramente. Nem sei se vão aproveitar. Eu nunca fiz questão de aparecer em programa do PSDB", disse.

    "Desde que deixei a Presidência, sempre reiterei que minha visão não é eleitoreira. Não sou uma pessoa que queira popularidade. Eu quero é ter valores, acreditar nas coisas."

    Bem-humorado, FHC lembrou na palestra o ex-presidente Hugo Chávez (1954-2013), a quem defendeu de uma tentativa de golpe em 2002. Apesar da amizade, confidenciou que tentava não se associar ao venezuelano, que o tratava como mestre. "O Chávez só me chamava de 'Mi maestro'. Eu dizia para ele: 'Baixinho, por favor...'", contou.

    O tucano também brincou com a vaidade do senador José Sarney (PMDB-AP) ao recordar a criação da lei Rouanet de incentivo à cultura, que substituiu a antiga lei Sarney no governo Fernando Collor.

    "Na política, você tem que tomar cuidado com os egos. Fazer a lei Sarney se chamar lei Rouanet era um passo complicado..."

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