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    DEM alia discurso ameno ao 'carlismo' histórico para retomar poder na Bahia

    JOÃO PEDRO PITOMBO
    DE SALVADOR

    01/10/2014 12h41

    Antônio Carlos Magalhães (1927-2007) não aparece na propaganda de Paulo Souto (DEM), mas o estilo do ex-governador continua vivo nas eleições deste ano na Bahia.

    A retomada do discurso carlista –versão baiana da "modernização conservadora" brasileira dos anos 1970– é o trunfo do DEM para retomar o governo baiano.

    Ao som de ritmos da Bahia, a chapa de oposição exalta temas como boa gestão, retomada do desenvolvimento, amor pelo Estado e defesa de interesses locais. Apresenta-se como "time que trabalha de verdade".

    Orlando Brito/Divulgação/PSDB
    Paulo Souto (à esq.) participa de campanha ao lado de Aécio Neves e ACM Neto na Bahia
    Paulo Souto (à esq.) participa de campanha ao lado de Aécio Neves e ACM Neto na Bahia

    A competência gerencial e moralidade administrativa –marcas da tecnocracia carlista– são exaltadas e encarnadas na figura do ex-governador Paulo Souto, que chegou à política depois de trajetória na máquina administrativa dos governos de ACM (1971-1975, 1979-1983 e 1991-1994).

    O objetivo do discurso é construir um contraponto à gestão Jaques Wagner (PT), que indicou o deputado federal e ex-chefe da Casa Civil Rui Costa (PT) à disputa, mas está desgastado por greves de servidores e aumento da violência.

    Em 2010, quando disputou a reeleição, Wagner tinha 51% de aprovação, segundo o Ibope. Quatro anos depois, a avaliação positiva é de 32%.

    Ao mesmo tempo em que retoma elementos do carlismo esquecidos nas últimas eleições, o DEM buscou novos aliados como Geddel Vieira Lima (PMDB), candidato ao Senado. Também calibrou o discurso para conciliar críticas a Wagner e um discurso mais ameno e conciliador.

    Um dos principais estudiosos do "carlismo", o professor da UFBA (Universidade Federal da Bahia) Paulo Fábio Dantas Neto diz que o autoritarismo –renegado nas urnas da Bahia em 2006, com a vitória de Wagner– é uma marca que o DEM busca apagar.

    "Não convém ao DEM voltar a demonstrar capacidade ou disposição de usar meios autoritários ou mesmo truculentos para alcançar seus objetivos, mesmo os mais nobres", diz.

    Outro ponto-chave na campanha é a onipresença do prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM). Neto, 35, tem a função de expressar a renovação na candidatura de Souto, 70, que foi governador duas vezes.

    Visa ainda neutralizar o discurso do petista Costa, que trata o rival como "o ex" e integrante da "velha política".

    A estratégia, por ora, deu certo: Souto tem 43% das preferências, ante 27% de Costa e 7% de Lídice da Mata (PSB), segundo o Ibope.

    RETA FINAL

    O PT promete redobrar o trabalho até a eleição para garantir uma virada. Costa promove uma maratona de comícios no interior e investe na desconstrução da imagem de "bom gestor" de Souto.

    Na TV, criou o personagem "O Lembrador", que percorre o Estado comparando a Bahia de 2006, governada por Souto, com a Bahia atual.

    Cita números de acesso à água e combate ao analfabetismo, marcas do governo Wagner, mas evita temas como a segurança pública e o aumento recente dos homicídios.

    Outro recurso é a presença do ex-presidente Lula, que tem atuado como uma espécie de âncora da propaganda política de Costa.

    Wagner, que não é candidato, intensificou a agenda de inaugurações –quase uma por dia nas últimas duas semanas.

    Na mesma linha, o prefeito vai inaugurar a reurbanização da orla do Subúrbio Ferroviário de Salvador –principal reduto do PT na capital– para a véspera da eleição.

    O governador ataca a atuação do prefeito de Salvador na campanha. "Acho uma vergonha. A Bahia não merece ter um governador que aceita ser comandado por um prefeito", diz.

    A extensão da influência de ACM Neto num possível governo Souto é incerta. Em privado, aliados do prefeito dizem que o objetivo dele é disputar o governo em 2018. Para isso, contudo, Souto teria que abrir mão da reeleição caso vença nas urnas.

    Prefeito e ex-governador desconversam sobre o tema e dizem que não há acordo nesse sentido.

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