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    Com discurso socialista, Luciana Genro alavanca votos nas regiões mais ricas

    JOSÉ MARQUES
    DE SÃO PAULO

    07/10/2014 13h07

    Com discurso favorável a uma maior distribuição de renda, direitos das minorias e taxação das grandes fortunas, a presidenciável do PSOL, Luciana Genro, chegou ao quarto lugar nas eleições deste domingo (5) com votos alavancados pelas regiões mais ricas do país.

    Em autoavaliação, ela diz que o partido precisa "se enraizar" nos "setores mais empobrecidos da população".

    Nas regiões Sul e Sudeste, a candidata obteve porcentagem de votos acima da média de 1,5% da votação nacional. De um total de cerca de 1,6 milhão, 554 mil vieram do Estado de São Paulo. No Norte e Nordeste, ela não chegou a 0,9%.

    Na capital paulista, onde Luciana levou 3,3% dos votos, sua maior proporção de eleitores estavam nas zonas eleitorais de Pinheiros e Perdizes, bairros de classe média alta. Nesses locais, ela obteve quase 5%.

    "Falta o PSOL conseguir chegar de forma mais intensa em todos os eleitores", disse Luciana à Folha nesta segunda (6).

    Danilo Verpa/Folhapress
    Luciana Genro (PSOL), durante o debate entre candidatos na TV Record, em São Paulo
    Luciana Genro (PSOL), durante o debate entre candidatos na TV Record, em São Paulo

    "Não é casual que a gente tenha uma votação maior nos grandes centros urbanos e na população com maior renda, mas é porque essa população tem um acesso mais facilitado à informação, principalmente através da internet."

    Ela voltou a criticar o tempo de televisão no horário e a falta de uma cobertura jornalística igualitária pela falta de disseminação de sua candidatura e afirmou que priorizou fazer campanha em setores em que tem "maior penetração e enraizamento partidário".

    "O processo de enraizamento nos setores mais empobrecidos da população é mais complexo, porque a gente disputa nesse segmento com o poder econômico de forma muito contundente", disse, acrescentando que concorreu com "candidatos que compram lideranças das comunidades para fazer campanha para eles" e "programas como o Bolsa Família que, infelizmente, são utilizados como moeda de troca eleitoral".

    A ex-presidenciável comparou sua legenda aos primeiros anos do PT. "Quando era oposição, o PT também tinha apoios significativos dos setores médios, mais do que os setores pobres, que apoiavam o [ex-presidente tucano] Fernando Henrique", afirmou.

    RETROSPECTIVA

    Para a ex-deputada federal e filha do governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), a campanha do PSOL atraiu um público jovem e dos grandes centros urbanos a partir de "um programa de mudanças estruturais" e "defesa dos direitos civis, como a pauta da luta contra a homofobia".

    Parte dos temas também foram defendidos pelo candidato do PV, Eduardo Jorge, que ficou com 0,6%. Luciana diz que a diferença se deu porque "não se pode ser consequente em defesa de pautas progressistas se aliando a setores conservadores", em referência à participação do ex-adversário nas administrações de José Serra (PSDB) e Gilberto Kassab (PSD) na prefeitura de São Paulo.

    Até esta quarta-feira (8), o PSOL deve anunciar se apoia a candidatura de Dilma Rousseff (PT) no segundo turno ou se mantém neutralidade.

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