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    Brasil assina compra de 36 caças por US$ 5,4 bi

    IGOR GIELOW
    DIRETOR DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
    FERNANDA ODILLA
    DE BRASÍLIA

    27/10/2014 09h47

    AFP
    O avião caça sueco Saab Gripen NG, durante vôo
    O avião caça sueco Saab Gripen NG

    O governo federal assinou nesta segunda (27) com a empresa sueca Saab o contrato para a compra de 36 caças multifuncionais Gripen NG. O valor do contrato ficou quase US$ 1 bilhão acima do previsto quando a intenção do negócio foi anunciada, em dezembro de 2013: US$ 5,4 bilhões (cerca de R$ 13,5 bilhões).

    A FAB (Força Aérea Brasileira) afirma que a diferença se deve à negociação para a atualização do projeto –a proposta da Saab era de 2009, e foi necessário adequá-la à evolução tecnológica de alguns componentes do avião e também à exigência de maior participação brasileira na produção.

    A entrega será de 2019 a 2024, prazo deslocado um ano além do previsto inicialmente, por questões de capacidade industrial brasileira.

    Editoria de Arte/Folhapress

    O pagamento não é imediato. A forma como o financiamento será feito ainda está sob análise da Aeronáutica, mas as análises iniciais da Saab previam que as parcelas poderiam estender-se até por 14 anos depois da entrega do último Gripen. A parte financeira precisa ser ratificada pelo Congresso.

    O governo esperou o fim da eleição presidencial para divulgar o acerto. Com isso, o tema não teve chance de chegar ao último debate entre Dilma (PT) e Aécio Neves (PSDB), ocorrido na Rede Globo na noite da sexta, dia em que o contrato foi assinado.

    A FAB nega quaisquer influências eleitorais no atraso. "A assinatura se deu dentro da normalidade processual", disse, em nota.

    A assinatura sacramenta o fim de uma história longa, iniciada em discussões nos anos 90 e aberta oficialmente em 2001 na forma da primeira licitação F-X (o F é a designação oficial para caças, o X indica um processo de escolha).

    Lula acabou suspendendo o processo e o retomando como F-X2, com forte inclinação para a compra do modelo francês Dassault Rafale. Em 2009, chegou a anunciá-lo como vencedor da disputa, só para recuar após protesto da Aeronáutica, que na avaliação técnica preferia o Gripen NG.

    Eleita para o primeiro mandato em 2010, Dilma congelou o processo. Tomou a decisão da compra no fim do ano passado. O Gripen NG, que na Suécia já tem o nome oficial de Gripen E/F (a geração atual da aeronave), foi escolhido por ser um modelo em desenvolvimento de um caça existente, possibilitando a divisão do conhecimento do processo industrial com empresas brasileiras.

    O avião foi escolhido por ser um modelo em desenvolvimento de um caça existente, possibilitando que empresas brasileiras adquiram conhecimento de produção e também forneçam partes da nova aeronave. A Saab vai abrir uma unidade para fabricação de peças de fuselagem no Brasil, por exemplo.

    "A indústria brasileira vai fornecer diferentes serviços e equipamentos. A Embraer, claro, será nossa principal parceira", afirmou Lennart Sindahl, chefe da divisão de aeronáutica da Saab, referindo-se à maior empresa aeronáutica do Brasil.

    A previsão é de um índice de nacionalização de 40% quando o último caça for entregue. Serão 15 caças inteiramente finalizados no país. "De qualquer forma, as aeronaves vão ser feitas em conjunto com equipes brasileiras e suecas, mesmo na Suécia", afirmou Sindahl.

    O governo brasileiro negocia para 2016 a chegada de modelos anteriores do avião para funcionar como tampões na defesa do espaço aéreo central do Brasil, hoje cobertos por antigos F-5 modernizados, que não são adequados para interceptação.

    A Força Aérea negocia o empréstimo de até 12 desses Gripen C/D, que serviriam também para treinar os pilotos na nova plataforma, já que há muito em comum entre as gerações do avião. Hoje o Gripen voa em seis países.

    Editoria de Arte/Folhapress

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