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    Assinaturas para criação de nova sigla de Kassab são fraudadas

    DANIELA LIMA
    DE SÃO PAULO

    27/02/2015 02h00

    Assinaturas falsificadas e nomes de eleitores mortos engrossam as listas de apoio apresentadas à Justiça Eleitoral pelos fundadores do PL, a nova sigla patrocinada pelo ministro das Cidades, Gilberto Kassab (PSD).

    A Folha teve acesso a uma série de fichas de apoio enviadas pelo organizador do PL em São Paulo à Justiça Eleitoral de São Caetano do Sul, na região metropolitana. De um total de 106 assinaturas apresentadas pela sigla, apenas 11 foram validadas pelo cartório –o índice de rejeição chegou a quase 90%.

    A montagem do partido no Estado está nas mãos de José Rubens Domingues Filho. Ele integra a executiva estadual do PSD, foi subprefeito de São Paulo durante a gestão de Kassab na prefeitura e coordenou a implantação da maior bandeira eleitoral do ex-prefeito, o Cidade Limpa.

    Até hoje, José Rubens trabalha para Kassab. Ele dá expediente na sede do PSD na capital paulista. Formalmente, Kassab tem dito que apoia, mas não patrocina o novo PL.

    Editoria de arte/Folhapress

    Para fundar um novo partido é preciso apresentar à Justiça Eleitoral 500 mil assinaturas de eleitores em apoio à legenda. A autenticidade das firmas deve ser certificada em cartório.

    A reportagem conseguiu localizar uma das eleitoras que teve a assinatura falsificada nas fichas apresentadas pelo PL em São Caetano. "Não assinei ficha para esse, nem para partido nenhum", reagiu Daniela Guarnieri, 39.

    A Folha enviou à eleitora uma foto da ficha em que consta seu nome, sua filiação, o número do título de eleitor e a sua suposta assinatura. "Meu nome está certo, o da minha mãe também, mas essa não é a minha assinatura", disse.

    Há ainda uma ficha em nome de Regiane de Oliveira Ribeiro, morta em setembro de 2014. O cartório se negou a certificar a assinatura alegando que o título de eleitor de Regiane foi cancelado quando foi expedido o atestado de óbito. "Nós temos o cuidado de separar regiões com alto índice de rejeição de assinatura e afastar esses coletadores", diz José Rubens.

    "Em alguns casos, é preciso olhar os dados com lupa. O meu pai, por exemplo, assinou a ficha de apoio à criação do PSD e, infelizmente, morreu logo depois", conclui.

    Se tiver êxito, o PL será o segundo partido fundado por Kassab em menos de quatro anos. O ex-prefeito fundou seu PSD em 2011, também em meio a polêmica sobre a coleta de assinaturas –havia eleitores mortos e denúncias de que a estrutura da prefeitura foi usada para auxiliar a cooptação de apoios.

    A Câmara tenta frear o novo projeto de Kassab, dificultando a criação de partidos e impondo regras à fusão de legendas. Isso porque, segundo aliados, o plano do ex-prefeito é, uma fez criado o PL, usar a nova legenda para atrair deputados e, em seguida, fazer uma fusão da nova sigla com o seu PSD.

    OUTRO LADO

    Organizador do PL em São Paulo, José Rubens Domingues Filho diz que a o partido não tem estrutura para verificar todas as assinaturas e que, exatamente por isso, submete os nomes à Justiça.

    "Temos em média um índice de rejeição nos cartórios de cerca de 40%. Significa que eles estão fazendo um bom trabalho." Segundo ele, o PL monitora as regiões que tenham muitas assinaturas com problemas para afastar os coletadores dessas áreas.

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