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    Deputados da Bahia deram bolsa a políticos, empresários e parentes

    JOÃO PEDRO PITOMBO
    DE SALVADOR

    01/03/2015 02h00

    Doadores de campanha, políticos, empresários e parentes de deputados constam entre os beneficiários de bolsa-auxílio para estudantes carentes paga pela Assembleia da Bahia entre 2011 e 2014.

    O programa consumiu R$ 19 milhões dos cofres baianos. Os recursos foram depositados nas contas de 3.349 alunos ou seus responsáveis.

    Editoria de Arte/Folhapress

    Em parceria com o "Meu Congresso Nacional", portal que mapeia informações sobre as atividades parlamentares e doações para candidatos, a Folha identificou 80 doadores da campanha de 2014 entre os beneficiários.

    Mesmo considerados "carentes", eles doaram cerca de R$ 330 mil a candidatos na Bahia, R$ 163 mil repassados a campanhas dos próprios deputados que decidiam quem receberia o auxílio.

    Cada político tinha uma "cota" de R$ 10 mil mensais para distribuir como auxílio-estudantil. Os recursos eram repassados às faculdades.

    O PRB foi o partidos cujos candidatos mais receberam doações de beneficiários do programa. Os deputados federais Márcio Marinho e Tia Eron e o estadual Sildevan Nóbrega receberam, juntos, R$ 48 mil de oito bolsistas.

    O ex-deputado estadual Deraldo Damasceno (PSL) foi o que mais ganhou: recebeu R$ 34 mil para a campanha de três bolsistas que, juntos, receberam R$ 14 mil de bolsa. Todos trabalhavam com o deputado e ganhavam salários entre R$ 5 mil e R$ 11 mil.

    Augusto Castro (PSDB) teve R$ 15 mil em doações de um funcionário que recebeu R$ 22 mil em bolsas de estudo nos últimos três anos.

    BOLSISTA MILIONÁRIO

    Dentre os "estudantes carentes" está o atual deputado estadual Alex Lima (PTN), que recebeu R$ 2.500 de auxílio em 2012 –dois anos antes de eleger-se. Em 2014, declarou ter R$ 1 milhão em bens. Ele alega ter passado por período de dificuldades financeiras.

    Hoje vereador em Salvador, Luiz Carlos (PRB) recebeu R$ 7.126 do programa em 2011, situação semelhante à do candidato a deputado federal Roberto Pina (PMDB) e à de Raquel Boa Morte (PSD), candidata a vice-prefeita de Caravelas (BA) em 2012.

    Ela declarou ter R$ 438 mil em bens, mas também foi enquadrada como "carente". Ambos não foram eleitos.

    Parentes de políticos também receberam o benefício –caso de Karine Pepe de Souza Leão Cavalcanti, sobrinha do vice-governador João Leão (PP) e prima do ex-deputado estadual e hoje deputado federal Cacá Leão (PP).

    Também obtiveram bolsas o irmão e uma sobrinha do ex-deputado Yulo Oiticica (PT) e uma prima e quatro sobrinhas do presidente da Assembleia, Marcelo Nilo (PDT).

    Ainda constam no rol de beneficiários empresários como o dono do instituto de pesquisa Babesp, Roberto Matos. Em 2014, a empresa foi contratada por Nilo para fazer pesquisas por R$ 130 mil, segundo a Justiça Eleitoral.

    O auxílio-estudantil foi criado em 2011. A distribuição, porém, foi suspensa a partir de 2015, após o Ministério Público da Bahia argumentar que a concessão de benefícios estudantis não é papel do Legislativo.

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