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    Espera por reconhecimento marca 150 anos de marechal Rondon

    LUCAS REIS
    DE SÃO PAULO

    05/05/2015 12h02

    Homenagens, promessas antigas e uma longa espera por reconhecimento marcam os 150 anos do nascimento de Cândido Mariano da Silva Rondon, o Marechal Rondon, completados nesta terça-feira (5).

    Descendente e defensor da cultura indígena, Rondon desbravou mais de 70 mil quilômetros para interligar o território nacional com linhas telegráficas, inspecionou fronteiras, descobriu rios e espécies, percorreu a Amazônia com o ex-presidente americano Theodore Roosevelt e foi indicado por Albert Einstein ao Nobel da Paz.

    Mesmo com todo esse currículo, desde 2003 se arrasta no Congresso a lei que visa incluir Rondon no "Livro de Aço dos Heróis Nacionais", guardado no Panteão da Pátria Tancredo Neves, em Brasília. A honraria inclui 45 nomes, como Tiradentes, Zumbi dos Palmares, Getúlio Vargas e Chico Mendes.

    "Quem fez o Brasil está esperando até hoje. É um governo sem memória", diz Almanzor Meirelles Rondon 62, filho do único filho homem do Marechal Rondon.

    Na última quarta-feira (30), quase 12 anos depois, a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania aprovou a lei, que seguiu para sanção presidencial.

    Já o Espaço Cultural Marechal Rondon, anunciado em 2011, não teve tanta sorte. A promessa era erguê-lo no Forte Copacabana, no Rio, numa parceria entre o Exército e a ABTelecom (Associação Brasileira de Telecomunicações). Os idealizadores, porém, não conseguiram captar o R$ 1,5 milhão necessários por meio da Lei Rouanet.

    A família de Rondon aguarda também a conclusão de projetos em Rondônia, Estado batizado em sua homenagem, e em Mato Grosso, onde ele nasceu. Dois memoriais estão previstos em Mimoso, distrito de Santo Antônio do Leverger (MT), sua cidade natal, desde 1997, e em Porto Velho (RO), desde o ano passado.

    Os dois Estados, além do Exército, planejam comemorar os 150 anos com homenagens, simpósios e selos e medalhas comemorativas.

    No Rio, uma exposição permanente, aberta em 2011, reúne parte do acervo do marechal. Também há documentos, fotos, cartas e mapas em diferentes organizações militares e no Museu do Índio.

    SOBRENOME

    Cândido Mariano da Silva nasceu em 1865, meses após a morte de seu pai. Sua mãe morreu dois anos depois. Criado pelo tio, Manoel Rodrigues da Silva Rondon, o futuro marechal decidiu incluir o sobrenome no seu.

    Passados 150 anos, a família se esforça para perpetuar o sobrenome que se tornou conhecido em todo o mundo. Preocupadas com a sucessão, as mulheres, maioria entre os descendentes do marechal, também adotaram o "Rondon" no sobrenome.

    Entre outras façanhas, o patrono das comunicações no Brasil foi o primeiro diretor do SPI (Serviço de Proteção ao Índio), que daria origem à Funai, mediou conflitos entre Peru e Colômbia, propôs a criação do Parque Nacional do Xingu e recebeu prêmio internacionais.

    Ao lado do antropólogo Darcy Ribeiro, inaugurou o Museu do Índio, no Rio.

    "Meu avô é mais exaltado e reconhecido como grande valor no exterior do que dentro do nosso país", diz Maria Cecília Rondon Amarante, 86. "Falar de Rondon é falar dos povos indígenas. Entendemos que, por isso, ele é deixado de lado, esquecido."

    Editoria de Arte/Folhapress

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