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    Em cerimônia com índios, Dilma saúda 'mandioca' e fala de 'mulheres sapiens'

    MARINA DIAS
    DE BRASÍLIA

    23/06/2015 23h31

    Evaristo Sá/AFP
    Durante o discurso, Dilma segurava uma bola que ela disse ser um presente vindo da Nova Zelândia
    Durante o discurso, Dilma segurava uma bola que ela disse ser um presente vindo da Nova Zelândia

    Foram quase dez dos vinte minutos de seu discurso dedicados a cumprimentar as autoridades presentes na abertura dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas, nesta terça-feira (23) em Brasília. Mas a presidente Dilma Rousseff surpreendeu mesmo ao fazer um cumprimento especial "à mandioca" e ao criar uma nova categoria na evolução humana: as "mulheres sapiens".

    "Nenhuma civilização nasceu sem ter acesso a uma forma básica de alimentação e aqui nós temos uma, como também os índios e os indígenas americanos têm a deles. Temos a mandioca e aqui nós estamos e, certamente, nós teremos uma série de outros produtos que foram essenciais para o desenvolvimento de toda a civilização humana ao longo dos séculos. Então, aqui, hoje, eu tô saudando a mandioca, uma das maiores conquistas do Brasil", disse Dilma de um fôlego só.

    A plateia riu baixinho. E a presidente continuou dizendo que é de se orgulhar "ter no DNA do nosso país essa relação com a natureza".

    "A capacidade de ter na natureza não aquela a quem se subjuga e explora, mas uma relação fraterna de quem sabe que é dessa relação que nasce nossa sobrevivência."

    Dilma segurava nas mãos uma bola cinza escura, a qual colocou debaixo do braço quando se dirigiu ao púlpito para fazer, de improviso, seu discurso. Não quis passar a bola para um assessor, que logo se aproximou para ajudá-la a ficar com as mãos livres. "Não precisa", sussurrou.

    Usaria em sua fala o presente que veio "de longe, da Nova Zelândia" para, segundo ela, "durar o tempo que for necessário."

    "Aqui tem uma bola, uma bola que eu acho que é um exemplo. Ela é extremamente leve, já testei aqui, testei embaixadinha, meia embaixadinha... Bom, mas a importância da bola é justamente essa, é símbolo da capacidade que nos distingue", recomeçou Dilma sob suspiros dos presentes.

    "Nós somos do gênero humano, da espécie sapiens, somos aqueles que têm a capacidade de jogar, de brincar, porque jogar é isso aqui. O importante não é ganhar e sim celebrar. Isso que é a capacidade humana, lúdica, de ter uma atividade cujo o fim é ele mesmo, a própria atividade. Esporte tem essa condição, essa benção, ele é um fim em si. E é essa atividade que caracteriza primeiro as crianças, a atividade lúdica de brincar. Então, para mim, essa bola é o simbolo da nossa evolução, quando nós criamos uma bola dessas, nos transformamos em Homo sapiens ou mulheres sapiens", concluiu. Dessa vez, entre risos menos tímidos da plateia.

    Sentada na primeira fileira do auditório que abrigou a cerimônia, ao lado do governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB), Dilma assistiu a apresentações de danças típicas indígenas, foi abençoada por um pajé e citou a civilização grega para dizer que, com ela, "aprendemos a transformar os jogos em um momento de confraternização."

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