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    Lava Jato

    Ex-vereador preso na Lava Jato saiu do PT mas continuou atuando na política

    ALEXANDRE ARAGÃO
    BELA MEGALE
    DE SÃO PAULO

    13/08/2015 17h53

    Zanone Fraissat/Folhapress
    Romano, na manhã desta quinta-feira (13), ao ser preso pela PF na Operação Lava Jato
    Romano, na manhã desta quinta-feira (13), ao ser preso pela PF na Operação Lava Jato

    Apontado como operador do esquema revelado pela 15ª fase da Operação Lava Jato e preso na manhã desta quinta (13), o ex-vereador de Americana (SP) Alexandre Corrêa de Oliveira Romano, conhecido como Chambinho, desfiliou-se do PT um ano após o fim de seu mandato, em 2005, mas continuou atuando politicamente.

    Chambinho é apontado pelo Ministério Público Federal como o responsável por ter repassado R$ 57 milhões em propina, provenientes de contrato entre o Ministério do Planejamento e a empresa Consist Software, responsável pela gestão de empréstimos consignados concedidos a servidores federais, acordo feito entre a pasta, a ABBC (Associação Brasileira de Bancos) e o Sinapp (Sindicato de Entidades Abertas de Previdência Privada).

    Pablo Kipersmit, diretor da Consist, afirmou à Polícia Federal que Chambinho foi personagem "chave" na obtenção do contrato. "Por conta de tal 'auxílio' prestado, cujo conteúdo não é explicado pelo declarante, Alexandre Romano é remunerado pela Consist até os dias atuais", afirma o relatório da PF.

    Romano entrou na vida pública pelas mãos do ex-deputado Antonio Mentor. "Era um garoto inteligente, mas depois do mandato não quis mais saber de política e investiu na iniciativa privada", diz. O último encontro dos dois foi em 2014, quando Romando doou R$ 5.000 à campanha do petista para deputado estadual de São Paulo.

    Segundo petistas ouvidos pela Folha, Romano sempre teve bom trânsito no partido, apesar de ser vereador de uma cidade no interior de São Paulo. "Cheguei a vê-lo várias vezes circulando pelo diretório nacional do partido, era um cara de bom trânsito", disse um ex-secretário municipal de São Paulo.

    Em 6 de julho 2013 Romano se encontrou também o secretário municipal dos Transportes em São Paulo, Jilmar Tatto (PT), e com o vice-presidente administrativo dos Correios Nelson Freitas. A agenda foi pública.

    A família Romano é influente na política de Americana desde os anos 1950. Seu pai, João Baptista de Oliveira (1925-98), foi eleito vereador em 1959 e, em seguida, prefeito da cidade, em 1964. Hoje, ele dá nome a uma ponte da cidade. Por lado materna, a família de Chambinho remonta a personagens da política do interior paulista do século 19 —um de seus trisavôs, Francisco Cândido Furquim de Campos, foi vereador em Piracicaba (SP).

    Chambinho seguiu a linha genealógica. Foi, aos 24 anos, o mais jovem vereador eleito em Americana, em 2000. Na época, também foi o mais votado —ele recebeu 2.031 votos, 22 a mais que o segundo colocado. Com o sucesso, tornou-se secretário municipal de Meio Ambiente, cargo que ocupou entre 2003 e 2004.

    Sócio de oito empresas que atuam em diferentes ramos, Chambinho é advogado e possui um escritório em Americana, pelo qual já representou políticos. Um de seus sócios, na empresa Helipetro Táxi Aéreo, é o bicampeão de Fórmula 1 Emerson Fittipaldi. Procurado, o ex-piloto —que investe em outras empresas de helicóptero— afirmou que a empresa nunca funcionou de fato e nem emitiu notas fiscais. Em uma foto no Facebook de Chambinho, ele aparece ao lado do piloto em Miami.

    OUTRO LADO

    Em nota, o diretório do PT em Americana afirmou que Chambinho "não tem qualquer participação em nossas atividades partidárias". O partido acrescentou, ainda, que "no tempo em que [o ex-vereador] esteve no PT nenhum tipo de denuncia foi verificado".

    O advogado do ex-vereador não foi encontrado até a publicação deste texto.

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