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    Tio de prefeito no CE é denunciado sob suspeita de mandar matar radialista

    JOÃO PEDRO PITOMBO
    DE SALVADOR

    27/08/2015 12h20

    Reprodução/Facebook/Gleydson Carvalho O Amigão
    O radialista Gleydson Carvalho, conhecido como Amigão, assassinado no Ceará

    O Ministério Público do Estado do Ceará denunciou o tio de um prefeito e outras seis pessoas como suspeitos de participarem da morte do radialista Gleydson Carvalho, assassinado no início deste mês dentro do estúdio da rádio Liberdade FM em Camocim (320 km de Fortaleza).

    A denúncia, assinada pelo promotor Evânio Matos, aponta como mandante do crime João Batista Pereira da Silva, tio do prefeito da cidade vizinha de Martinópole, James Martins Pereira Barros, o James Bell (PMDB).

    Silva está foragido, e a Folha não conseguiu falar com sua defesa.

    Na denúncia, Matos diz que o tio do prefeito contratou dois pistoleiros para matar o radialista. Os criminosos foram abrigados por Silva num sítio no distrito de Serrota, na zona rural de Camocim.

    A investigação da Promotoria aponta que Carvalho foi morto por "falar demais", denunciando irregularidades e desvios na gestão do prefeito.

    Também foi denunciado pelo crime o tesoureiro da Prefeitura de Martinópole, Daniel Lennon Almada Silva, sobrinho de João Batista e primo do prefeito.

    Segundo a Promotoria, tio e sobrinho teriam agido em conluio para matar "pessoas que representassem séria ameaça à permanência de um grupo familiar no poder".

    Os dois teriam contratado os pistoleiros para, além do radialista, matar outras duas pessoas, cujos nomes não foram divulgados.

    PISTOLEIROS

    Além do tio e o primo do prefeito, foram denunciadas outras cinco pessoas que estariam envolvidos diretamente no assassinado de Carvalho. Israel Marques Carneiro e Thiago Lemos da Silva são apontados como os autores dos disparos. Segundo a denúncia, eles receberam R$ 9.000 para matar o radialista.

    Gisele de Souza Nascimento, Regina Lopes Rocha e Francisco Antônio Carneiro Portela são acusados de ajudarem no crime e na fuga dos pistoleiros.

    As investigações da Polícia Civil e do Ministério Público continuam e outras pessoas ainda podem ser denunciadas. Segundo a Promotoria, há "fortes indícios" de envolvimento de outras pessoas no "financiamento e formatação" do crime.

    Os sete denunciados são acusados de organização criminosa e homicídio triplamente qualificado –por motivo torpe, sem defesa para a vítima e mediante pagamento.

    Gisele, Portela e Daniel Lennon foram presos pela polícia. Os três negaram em depoimento terem envolvimento com o crime.

    Os outros quatro denunciados, incluindo o tio do prefeito de Martinópole, estão foragidos da polícia. A Folha não localizou os seus respectivos advogados.

    A reportagem também procurou o prefeito James Bell, mas ele não estava na prefeitura na manhã desta quinta (27).

    CRIME

    O radialista Gleydson Carvalho foi assassinado com três tiros em 6 de agosto dentro do estúdio da rádio, no momento em que apresentava o programa "Liberdade em Revista".

    Para entrar na rádio, os bandidos fingiram interesse em fazer um anúncio publicitário. Nos dias anteriores, hospedaram-se em um hotel na frente da emissora para observar o cotidiano de Carvalho na rádio.

    Conhecido como "Amigão" pela população local, Carvalho costumava denunciar em seu programa de rádio irregularidades cometidas por políticos da região.

    O presidente da Abert (Associação brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão), Daniel Pimentel Slaviero, afirmou, em nota, ser "extremamente preocupante o aumento dos atos de violência que buscam impedir a livre e necessária atuação da imprensa".

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