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Integrantes do MTST invadem prédio do Ministério da Fazenda em ato contra o ajuste fiscal |
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Poder
Friday, 22-Nov-2024 00:40:18 -03MTST invade prédios do Ministério da Fazenda em Brasília e São Paulo
FÁBIO MONTEIRO
DE BRASÍLIA
DE SÃO PAULO23/09/2015 11h19
Manifestantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) invadiram os prédios do Ministério da Fazenda em Brasília e São Paulo para protestar contra o ajuste fiscal proposto pelo governo Dilma Rousseff.
Na capital federal, o protesto começou por volta de 9h e tumultuou a portaria da entrada principal.
Integrantes do movimento tentaram acessar o edifício, após se concentrarem na recepção do prédio. Como os seguranças do prédio interviram, houve discussão e um princípio de confronto. A Polícia Militar e os seguranças utilizaram gás de pimenta para dispersar a confusão. O movimento deixou o local por volta das 18h.
Além do MTST, integrantes do Andes (Sindicado dos Docentes das Instituições de Ensino Superior) também participam do protesto. Eles esperam uma reunião com representantes do governo para apresentar a pauta.
"Estávamos em um processo de negociação, que já estava difícil. A partir do anúncio do ajuste, houve retrocesso muito grande", disse Paulo Rizzo, presidente do Andes. os docentes estão em greve há 116 dias.
A categoria de docentes diz que estava em negociação novos concursos, reconstrução de carreiras e reajuste salarial. "As principais medidas de economia para o orçamento recaem sobre o servidor público", afirmou.
Os organizadores dizem que as duas entidades estão representadas por 1.800 pessoas. A Polícia Militar do Distrito Federal estimou em 300 pessoas.
MST
Também houve protesto de integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), em Brasília. Eles caminharam em direção ao Congresso Nacional protestando contra o fechamento de escolas no campo.
No começo da tarde, por volta das 13h, eles invadiram a sede do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em Brasília. O grupo protestava contra o uso excessivo de agrotóxicos no agronegócio.
Houve tumulto semelhante ao ocorrido no Ministério da Fazenda, e a Polícia Militar precisou utilizar gás de pimenta para dispersar os manifestantes.
Segundo o ministério, os integrantes do movimento quebraram uma das vidraças na portaria principal e picharam o edifício. Após o confronto, eles deixaram o local.
Além dos dois movimentos, vários sindicatos que representam servidores públicos paralisaram suas atividades e realizaram passeatas na Esplanada dos Ministérios. A PM do Distrito Federal estimou que, no auge, o número de manifestantes em todos os grupos chegou a dois mil.
Eles protestam com a decisão do governo de postergar para agosto de 2016 um acordo de reajuste salarial da categoria, de 10,8% dividido em dois anos. O adiamento no reajuste fez parte do pacote de cortes do governo federal apresentados pelos ministros Nelson Barbosa (Planejamento) e Joaquim Levy (Fazenda), na semana passada.
SÃO PAULO
Em São Paulo, cerca de 8.000 integrantes do movimento, segundo a organização, se reuniram na estação da Luz, região central, e andaram até a avenida Júlio Prestes, onde fica a sede da Fazenda na cidade -ainda não há estimativa oficial da Polícia Militar. Alguns invadiram o prédio, mas não chegaram a subir, e ficaram no saguão após negociação com a segurança do edifício e com a PM.
De acordo com o coordenador do movimento, Guilherme Boulos -colunista da Folha-, o local permanecerá ocupado por tempo indeterminado.
"Nós tínhamos dito, antes do dia 3 de setembro, que, se não resolvesse nossa situação, a gente ia pra rua", afirmou Boulos em frente ao edifício.
Ele ainda disse que a Fazenda administra "muito mal" o Orçamento federal. "Tá fazendo corte onde não deve, e não fazendo corte onde deve."
"Tem gente que não gosta de pobre de jeito nenhum nesse governo. A gente chegou, desligaram o ar condicionado -acham que pobre não tem direito a ar condicionado. Da próxima vez a gente não vai parar no térreo não", afirmou.
A manifestação teve um princípio de confusão quando a tropa de choque da PM, que acompanha o ato, mudou de lugar para sair de baixo do sol. Os manifestantes acharam que seriam reprimidos e começaram a correr, mas a confusão logo se desfez. O major responsável pela operação disse que a PM não intervirá enquanto o protesto seguir pacífico.
Segundo nota publicada em sua página no Facebook, o MTST também invadiu as sedes da Fazenda em Brasília, Goiânia, Boa Vista e no Rio. Boulos afirmou que os cortes propostos pelo governo federal atingem os mais pobres e não serão tolerados pelo MTST.
Em entrevista na semana passada, após o anúncio de cortes no programa Minha Casa, Minha Vida, Boulos prometeu que promoveria atos contra a medida e disse que "o governo quer acabar com a crise econômica, mas vai aprofundar a crise social". Para ele, o ajuste precisaria ser feito "no andar de cima", com medidas como a taxação de grandes fortunas.
OUTROS PROTESTOS
Por volta das 11h45, manifestantes bloquearam uma faixa no quilômetro 115 da Anhanguera, no sentido São Paulo, na região de Sumaré, próximo a Campinas, segundo a CCR Autoban, que administra a via. A empresa não soube dizer quantas pessoas estavam no ato. Segundo o MTST, 5.000 famílias da ocupação Soma, de Sumaré (a 118 km de São Paulo), marcharam até o local. A rodovia foi liberada por volta das 12h11
Em Boa Vista (RR), segundo a coordenadora nacional do MTST Maria Ferraz, cerca de 300 sem-teto ocuparam o prédio do Núcleo de Trabalho da SPOA (Subsecretaria de Planejamento, Orçamento e Administração), do Ministério da Fazenda, no centro da capital de Roraima. Por volta das 12h30, os manifestantes já deixavam o prédio após as reivindicações do grupo terem sido recebidas por funcionários do ministério.
Em Goiânia, o MTST afirmou ter ocupado um prédio do Ministério da Fazenda pela manhã. Segundo Rogério da Cunha, dirigente dos sem-teto na cidade, cerca de 300 manifestantes estiveram, por volta das 8h10, na Superintendência de Administração do Ministério da Fazenda, na avenida República do Líbano, e ficaram por cerca de duas horas e meia no local.
No prédio do ministério, porém, funcionários negaram que o protesto tenha ocorrido. Segundo Rogério da Cunha, o grupo seguiria no final desta manhã para o prédio da Celg, companhia de distribuição de energia do Estado, para protestar contra sua privatização.
Em Belo Horizonte, um grupo de cerca de 30 manifestantes entrou no saguão principal do prédio da Superintendência de Administração do Ministério da Fazenda, na avenida Afonso Pena, no centro da capital mineira, por volta das 10h desta quarta-feira. Segundo funcionários do ministério, o protesto durou cerca de duas horas. Não houve tumultos. O grupo carregava bandeiras das Brigadas Populares e do MLB (Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas).
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