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    Lava Jato

    Lava Jato apura se Lula recebeu vantagens indevidas durante mandato

    MÁRCIO FALCÃO
    DE BRASÍLIA

    29/02/2016 18h44

    Jorge Araújo/Folhapress
    O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na reunião do Conselho Político do PT (Partido dos Trabalhadores), em São Paulo, nesta segunda
    O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em reunião do Conselho Político do PT

    Em manifestação enviada ao STF (Supremo Tribunal Federal), os procuradores da força-tarefa da Lava Jato dizem que uma avaliação prévia das provas indica a suspeita de que um apartamento e um sítio ligados ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva podem ter relação com lavagem de dinheiro.

    "No que tange ao PIC [Procedimento Investigatório Criminal] conduzido pelo MPF, as provas em cognição sumária são no sentido de que os fatos sob apuração, além de reproduzirem tipologia criminosa de lavagem de capitais já denunciada no âmbito da Operação Lava Jato, envolvem José Carlos Bumlai, executivos da construtora Odebrecht e executivos da construtora OAS, todos investigados e muitos dos quais já denunciados no esquema de corrupção que assolou a Petrobras", diz o texto.

    Os procuradores dizem ainda, no documento enviado ao STF, que apuram se parte de vantagens indevidas que supostamente teriam sido recebidas por Lula foram repassadas "durante seu mandato presidencial".

    Bumlai e as construtoras citadas são suspeitos de terem formado uma espécie de consórcio informal para dar de presente a Lula sítio que ele frequenta em Atibaia.

    Na última sexta (26), Lula admitiu em mensagem enviada ao STF que Bumlai "ofereceu" a ele a reforma e que ele não tinha conhecimento de que isso ocorreu.

    No caso do tríplex do Guarujá, a OAS teria feito uma reforma para Lula no apartamento, o que é negado pelo ex-presidente.

    De acordo com a força-tarefa, a investigação tem a finalidade de analisar se ele foi beneficiado por construtoras envolvidas na Lava Jato recebendo vantagens que foram "materializadas, dentre outros, em imóveis em Atibaia (SP) e em Guarujá (SP)".

    As afirmações dos procuradores foram enviadas para a ministra Rosa Weber, do STF, relatora de um pedido do ex-presidente para suspender as investigações da força-tarefa e do Ministério Público Estadual de São Paulo saté que o tribunal decida de qual órgão é a prerrogativa para as apurações.

    DUAS FRENTES

    Ao STF, os advogados do ex-presidente questionam o fato de ele ser investigado em duas frentes e tentam tirar da força-tarefa da Lava Jato a investigação alegando que não há interesse da União.

    O ofício do MPF ao STF foi repassado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, mas foi assinado pelo coordenador da força-tarefa, procurador da República, Deltan Dallagnol, e outros dez integrantes do grupo.

    No texto, os procuradores defendem que as duas operações não têm ligação direta e devem correr normalmente.

    Deltan afirmou que durante a apuração sobre se houve prejuízo para cooperados na transferência de empreendimento da Bancoop para a OAS, foi que surgiram indícios de favorecimento ao ex-presidente. A Procuradoria-Geral de Justiça de SP declinou e mandou a apuração para o Ministério Público Federal do DF, que por sua vez encaminhou à PGR.

    O procurador ressalta que Janot foi quem enviou a apuração para a força-tarefa entrar no caso.

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