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    Lava Jato

    Ministro do STF homologa delação premiada de Delcídio do Amaral

    MÁRCIO FALCÃO
    DE BRASÍLIA

    15/03/2016 10h45

    Pedro Franca - 26.fev.2014/Associated Press
    O senador Delcídio do Amaral (PT-MS)
    O senador Delcídio do Amaral (PT-MS)

    O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Teori Zavascki confirmou nesta terça-feira (15) a delação premiada do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) sobre o esquema de corrupção da Petrobras à força-tarefa da Operação Lava Jato.

    A colaboração do parlamentar traz citações à presidente Dilma Rousseff, ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a ministros e ex-ministros e ainda a integrantes da cúpula do PMDB no Senado e ao presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG).

    Agora, os investigadores vão analisar se as menções feitas por Delcídio aos políticos trazem indícios mínimos que justifiquem a abertura de inquéritos.

    Leia a íntegra da delação

    Os termos do acerto revelam que o petista terá que devolver R$ 1, 5 milhão aos cofres públicos por seu envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras.

    LULA

    De acordo com a delação, publicada pela revista "IstoÉ", o parlamentar revelou que Lula mandou comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró e de outras testemunhas.

    De acordo com a revista, Delcídio diz que Lula pediu "expressamente" para que ele ajudasse o pecuarista José Carlos Bumlai porque o empresário estaria implicado nas delações de Fernando Baiano e Nestor Cerveró. Para o senador, Bumlai tinha "total intimidade" e exercia o papel de "consigliere" da família Lula, expressão em italiano que remete aos conselheiros dos chefes da máfia italiana. "No caso, Delcídio intermediaria o pagamento de valores à família de Cerveró", afirma o acordo de delação.

    Na conversa com o ex-presidente, de acordo com outro trecho da delação, Delcídio diz que "aceitou intermediar a operação", mas lhe explicou que "com José Carlos Bumlai seria difícil falar, mas que conversaria com o filho, Maurício Bumlai, com quem mantinha boa relação".

    Depois de receber a quantia de Maurício Bumlai, a primeira remessa de R$ 50 mil foi entregue em mãos pelo próprio Delcídio ao advogado de Cerveró, Edson Ribeiro, também preso pela Lava Jato e solto em 24 de fevereiro.

    DILMA

    Em sua delação, Delcídio também falou que Dilma Rousseff usou sua influência para evitar a punição de empreiteiros, ao nomear o ministro Marcelo Navarro para o STJ (Superior Tribunal de Justiça).

    O senador, em seu relato, cita outros senadores e deputados, tanto da base aliada quando da oposição. Segundo a publicação, o senador petista revelou que Dilma tentou três vezes interferir na Lava Jato com a ajuda do ex-ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. "É indiscutível e inegável a movimentação sistemática do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e da própria presidente Dilma Rousseff no sentido de tentar promover a soltura de réus presos no curso da referida operação", afirmou.

    Anteriormente, a petista tentou influenciar o presidente do STF, Ricardo Lewandowski, e buscou um acordo com o presidente do TJ de Santa Catarina, Nelson Schaefer. O catarinense seria nomeado para o STJ se o juiz substituto na corte Newton Trisotto, também de Santa Catarina, votasse pela libertação dos empreiteiros.

    OPOSIÇÃO

    A Folha apurou com pessoas próximas à investigação que Delcídio fez referências a integrantes das cúpulas de PMDB, PSDB e PT. A reportagem não teve acesso ao contexto do suposto envolvimento desses políticos.

    Entre os nomes citados pelo senador estão parlamentares que já são investigados em inquéritos da Lava Jato no STF, como o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), Edison Lobão (PMDB-MA), Romero Jucá (PMDB-RR) e Valdir Raupp (PMDB-RO).

    O parlamentar do Mato Grosso do Sul também fez referências ao senador Aécio Neves (MG). O presidente do PSDB já foi citado pelo doleiro Alberto Yousseff e pelo transportador de valores Carlos Alexandre Rocha, o Ceará, mas ambos os procedimentos com menções ao tucano foram arquivados.

    A simples menção feita pelo senador petista não indica que os citados cometeram crimes ou que serão investigados.

    OUTROS LADOS

    O Instituto Lula afirmou, por meio de nota, que o ex-presidente "jamais participou, direta ou indiretamente, de qualquer ilegalidade, seja nos fatos investigados pela operação Lava Jato, ou em qualquer outro, antes, durante ou depois de seu governo".

    Dilma criticou a delação de Delcídio. "Continuaremos defendendo que a presunção de inocência não pode ser substituída pelo pressuposto da culpa e nem dar lugar à execração pública sem acusação formal. E também à condenação sem processo por meio de vazamentos ilegais e seletivos."

    A assessoria de Aécio Neves afirmou que não iria comentar a citação pela falta de "informação concreta" sobre o envolvimento do senador com Delcídio.

    Valdir Raupp afirmou à Folha que recebe com "estranheza" a informação de que teria sido citado. "Eu nunca tive uma relação mais próxima com Delcídio. Minha relação com ele sempre foi muito republicana", disse.

    Delcídio delata

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