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    Diretores condenados na Lava Jato tinham aval de Temer, diz Delcídio

    DE SÃO PAULO

    15/03/2016 12h42

    Em seu acordo de colaboração com a Justiça, o senador Delcídio do Amaral (PT-MS) afirma que o vice-presidente Michel Temer teve participação direta na nomeação de executivos da Petrobras condenados em uma ação da Operação Lava Jato.

    O acordo de delação de Delcídio foi confirmado nesta terça-feira (15) pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal.

    Em depoimento, Delcídio acusou de irregularidades na subsidiária BR Distribuidora João Augusto Henriques, que foi diretor na empresa de 1998 a 2000, no governo Fernando Henrique Cardoso.

    O senador disse que Henriques fazia "operações" na BR Distribuidora para conseguir recursos a partir da variação do preço do etanol nas usinas.

    "A forma de obtenção de recursos ilícitos nas operações consistia na manipulação das margens de preço do produto, estabelecidas pela assim chamada 'Escola de Piracicaba', ligada à área de agronomia", diz o termo de delação.

    Delcídio não dá outras informações sobre Temer relacionadas a esse caso.

    Henriques foi preso na 19ª fase da Lava Jato, em setembro passado, e acabou condenado pelo juiz Sergio Moro em fevereiro. Nesse processo, ele era acusado de ser operador de propinas após deixar a BR Distribuidora.

    JORGE ZELADA

    Outro ex-executivo apontado como apadrinhado de Temer é Jorge Zelada, que foi diretor da área Internacional da Petrobras de 2008 a 2012, por indicação do PMDB.

    Zelada está preso desde julho do ano passado e foi condenado na mesma ação penal de Henriques.

    Em seu depoimento, Delcídio afirmou que o governo Lula, em 2007, aceitou dar a diretoria Internacional a um indicado do PMDB em troca de apoio no Congresso em uma votação envolvendo a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira).

    O nome peemedebista para o cargo, com aval também de Temer, era Henriques, mas, segundo Delcídio, a escolha foi vetada pela então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.

    O próprio Henriques, diz o depoimento, então indiciou Zelada para o cargo. "Jorge Zelada foi chancelado por Michel Temer e a bancada do PMDB na Câmara", diz o relato do senador.

    Temer, por meio de sua assessoria, disse que nunca foi padrinho de João Augusto Henriques. Afirmou que a indicação para a BR Distribuidora foi feita pela bancada do PMDB na Câmara, assim como a de Jorge Zelada na Petrobras, posteriormente.

    OUTRO LADO

    O vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB-SP), negou o teor das declarações sobre sua suposta influência na indicação de diretores da Petrobras citada na delação de Delcídio.

    "Temer não conhecia João Augusto Henriques quando este foi indicado diretor da BR Distribuidora, portanto não poderia ser padrinho de quem não tinha nenhum conhecimento. Também não o indicou para a diretoria Internacional da Petrobras, cargo reivindicado pela bancada do PMDB de Minas em 2007. Não foi aceito. Seu substituto foi Jorge Zelada, também indicado por deputados mineiros", diz nota de sua assessoria.

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