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    Lava Jato

    Moro havia mandado suspender grampos antes da gravação

    DIMMI AMORA
    GABRIEL MASCARENHAS
    LEANDRO COLON
    AGUIRRE TALENTO
    DE BRASÍLIA

    16/03/2016 21h43

    O juiz Sergio Moro havia mandado suspender as interceptações telefônicas antes do horário em que a Polícia Federal gravou o diálogo entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente Dilma Rousseff nesta quarta-feira (16), no qual é discutido o termo de posse do novo chefe da Casa Civil.

    De acordo com os dados do processo, o juiz diz que: "As interceptações foram autorizadas por meio da decisão do evento 4 [em 19 de fevereiro de 2016]. Tendo sido deflagradas diligências ostensivas de busca e apreensão no processo 5006617-29.2016.4.04.7000, não vislumbro mais razão para a continuidade da interceptação. Assim, determino a sua interrupção. Ciência à autoridade policial com urgência, inclusive por telefone. Ciência ao MPF [Ministério Público Federal] para manifestação", informa documento do processo assinado eletronicamente por Moro às 11:12.

    Trinta e dois minutos depois, a secretária da vara de Moro, Flávia Cecília Maceno Blanco assina documento eletrônico dizendo que informou ao delegado da Polícia Federal, Luciano Flores de Lima, por telefone da decisão.

    Entre 12:17 e 12:18, Moro envia comunicações aos diretores das operadoras telefônicas do país informando que várias linhas telefônicas não devem ser mais interceptadas.

    Entre eles está o ofício à Claro solicitando que "sejam adotadas todas as providências necessárias ao cancelamento imediato da interceptação" incluindo a linha celular de Lula.

    Em documento anexado às 15h34, contudo, a equipe de análise da Polícia Federal da Lava Jato informa ao delegado Luciano que às 13h32 foi gravado um telefonema da mesma linha, revelando o diálogo entre Lula e Dilma.

    O juiz Moro não se pronunciou sobre o episódio. Procuradas, as assessorias da PF no Paraná e em Brasília ainda não se pronunciaram.

    INTERRUPÇÃO

    Em ofício no último dia 4, data em que a fase 24 da Operação Lava Jato foi deflagrada, o delegado Marcio Anselmo, da PF, afirma que a operadora Vivo suspendeu "de maneira absolutamente inexplicável" o desvio de áudios interceptados a partir das 22h do dia anterior. O policial destacou a possibilidade de prisão de envolvidos por descumprimento de ordem.

    No mesmo dia, Moro determinou que a interceptação fosse retomada sob pena de prisão por obstrução à Justiça.

    A operadora informou à Justiça que restabeleceu a entrega de áudios naquele mesmo dia e que adotou todas as medidas para corrigir problemas técnicos.

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