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    Perguntas feitas em pesquisa Datafolha causam polêmica

    DE SÃO PAULO

    20/07/2016 20h41

    "Na sua opinião, o que seria melhor para o país: que Dilma voltasse à Presidência ou que Michel Temer continuasse no mandato até 2018?" A essa pergunta, feita pelo Datafolha nos dias 14 e 15 de julho, 3% dos entrevistados responderam, espontaneamente, que preferiam uma nova eleição.

    A porcentagem de favoráveis a novas eleições, no entanto, sobe para 62% nas respostas estimuladas, ou seja, quando o instituto pergunta explicitamente: "Uma situação em que poderia haver novas eleições presidenciais no Brasil seria em caso de renúncia de Dilma Rousseff e Michel Temer a seus cargos. Você é a favor ou contra Michel Temer e Dilma Rousseff renunciarem para a convocação de novas eleições para a Presidência da República ainda neste ano?".

    A diferença entre esses resultados causou polêmica na internet, depois que o site "The Intercept" publicou, na noite de terça (19), texto acusando a Folha de "cometer fraude jornalística com pesquisa manipulada visando alavancar Temer".

    Assinado pelo jornalista americano Glenn Greenwald (cofundador do site) e pelo colaborador brasileiro Erick Dau, o texto afirma que, com a publicação do relatório e das tabelas no site do Datafolha, "tornou-se evidente que, seja por desonestidade ou incompetência extrema, a Folha cometeu fraude jornalística".

    A evidência, segundo Greenwald, seria o fato de que a pergunta oferecia apenas duas opções: a volta de Dilma ou a permanência de Temer até 2018, enquanto no quadro publicado pelo jornal no domingo (17) se detalham também duas respostas que haviam sido dadas espontaneamente: "nenhum dos dois" e "novas eleições".

    "Não há erro, e tanto a Folha quanto o Datafolha agiram com transparência", afirma Alessandro Janoni, diretor de pesquisa do instituto.

    Segundo ele, os pesquisadores quantificam as respostas espontâneas justamente para detectar opções relevantes que não tenham sido mencionadas na questão estimulada. "Se uma alternativa é citada espontaneamente por mais de 1% dos pesquisados, isso deve ser destacado."

    Janoni ressalta ainda que as tabelas e relatórios são publicados no site para permitir o acesso aos detalhes do questionário e da pesquisa.

    Sobre a não publicação de algumas questões do relatório, Sérgio Dávila, editor-executivo da Folha, afirma que é prerrogativa da Redação escolher o que acha jornalisticamente mais relevante no momento em que decide publicar a pesquisa.

    "O resultado da questão sobre a dupla renúncia de Dilma e Temer não nos pareceu especialmente noticioso, por praticamente repetir a tendência de pesquisa anterior e pela mudança no atual cenário político, em que essa possibilidade não é mais levada em conta."

    Dávila ressalta que não é incomum o Datafolha fazer mais perguntas do que as que acabam sendo utilizadas nas reportagens. A íntegra do levantamento pode ser conferida aqui.

    Questionário Datafolha

    Questionário Datafolha

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