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Poder
Friday, 08-Nov-2024 08:38:36 -03Vazio, Alvorada perde tela de proteção e vira lar de joões-de-barro
GUSTAVO URIBE
DE BRASÍLIA10/03/2017 02h00 - Atualizado às 11h08
Com a desistência do presidente Michel Temer de morar no Palácio da Alvorada, foi retirada nesta quinta-feira (9) a tela de proteção que havia sido instalada no segundo andar e que foi criticada por descaracterizar a fachada posterior da residência oficial da Presidência.
Em outubro, o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) havia autorizado colocação da rede de proteção "em caráter temporário" para proteger o filho mais novo do presidente, Michelzinho, 7.
O órgão estabeleceu como condição que não houvesse comprometimento das estruturas em mármore da varanda do Alvorada.
Com a decisão do presidente de morar no Palácio do Jaburu, residência oficial da Vice-Presidência, o órgão federal retirou a autorização, mas não estabeleceu um prazo para o cumprimento da recomendação oficial.
O diretor do Departamento de Documentação Histórica, Antônio Lessa, informou, no entanto, que o aparato móvel que havia sido colocado na varanda dos dormitórios presidenciais poderá ser reinstalado quando ele frequentar o local.
Para o ex-curador do Palácio da Alvorada Rogério Carvalho, o Iphan se equivocou ao ter permitido a instalação da tela de proteção, que, segundo ele, gerou incômodo visual e prejudicou o projeto original da fachada posterior do prédio.
Ele lembra que o Palácio da Alvorada é um bem tombado, um símbolo do governo brasileiro, e, por isso, não pode ter sua dinâmica arquitetônica desrespeitada.
Carvalho afirma que o Iphan errou ao usar o argumento de que seria possível instalar a tela de proteção porque ela afetaria a fachada dos fundos e não a frente do Alvorada.
Segundo ele, a fachada posterior "é mais dinâmica que a frontal e denota mais interesse, por se relacionar com esculturas e paisagismo", em referência ao jardim nos fundos do palácio.
"Se a posterior é tão ou mais complexa que a frontal, como o Iphan aprova algo com o argumento de que é uma fachada posterior?", questiona.
O ex-curador ressaltou ainda que o neto mais velho de Dilma Rousseff, Gabriel, era mais novo que Michelzinho quando frequentava o Alvorada e nem por isso foi colocada uma rede de proteção.
JOÃO-DE-BARRO
Ao todo, foram gastos R$ 20,2 mil dos cofres públicos para adaptar o Palácio da Alvorada para a família presidencial, que retornou ao Palácio do Jaburu 11 dias após a mudança. O governo afirmou que as alterações foram feitas para manutenção periódica da residência oficial e não para receber a família do peemedebista.
Elas, contudo, envolveram a instalação da rede de proteção e a adaptação de um dormitório, com reparos e pintura, para acomodar o filho caçula. Houve mudanças ainda em tapeçarias, estofados e obras de arte.
A primeira-dama não gostou do tom escuro da mobília e pediu para substituir a tonalidade dos sofás por cores mais claras.
Pedro Ladeira/Folhapress Casa de joão-de-barro em janela lateral do palácio Sem hospedar a família presidencial, o Alvorada se transformou em recepção para encontros e jantares.
A estrutura palaciana vinha servindo de residência oficial de todos os presidentes desde Itamar Franco.
Hoje, sem Michel Temer, abriga apenas joões-de-barro, que fizeram ninhos na fachada lateral do prédio histórico.
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