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    Sob crítica, governo fará mutirão de demarcação de terras indígenas

    GUSTAVO URIBE
    DE BRASÍLIA

    03/05/2017 12h56

    Reprodução/Cimi
    Indios no Povoado de Bahias, em Viana, no Maranhao
    Índios de Viana, no Maranhão, onde houve um ataque que deixou feridos nesta semana

    Sob crítica de que tem dedicado pouco espaço em sua agenda pública para a causa indígena, o ministro da Justiça, Osmar Serraglio, anunciou nesta quarta-feira (3) a intenção de fazer uma espécie de mutirão para agilizar processos parados de demarcação de terras.

    Em entrevista à imprensa, no Palácio do Planalto, ele afirmou que o objetivo é identificar pedidos que estejam "lentos" ou "dificultados" e disse que o Ministério da Justiça irá "imediatamente proceder com as demarcações".

    "O governo Michel Temer quer, sim, legalizar as demarcações e o que iremos fazer agora com regime de mutirão é identificar os processos que estão muitos lentos e dificultados. Nós queremos mostrar à população que iremos respeitar a Constituição Federal e a Suprema Corte", afirmou.

    A Folha mostrou na terça-feira (2) que o ministro teve sua agenda oficial desde que assumiu dominada por ruralistas e alvos da Operação Lava Jato.

    Foram cem audiências com integrantes da Frente Parlamentar da Agropecuária e com políticos investigados. Não houve nenhum encontro registrado oficialmente com representantes indígenas.

    Na entrevista desta quarta-feira (3), o ministro disse que tem recebido em audiência quem a solicita e afirmou que, na semana passada, chegou a se reunir com um grupo de índios no gabinete do senador Eduardo Braga (PMDB-AM), ex-governador do Amazonas.

    "Eu lanço um desafio para que alguém identifique uma situação em que alguém tenha solicitado uma audiência em que eu não o tenha recebido", disse.

    No domingo (30), um ataque deixou mais de dez indígenas do povo Gamela feridos no Povoado de Bahias, em Viana, no Maranhão.

    Um deles teve fratura exposta nas mãos devido a golpes de facão e corre o risco de perdê-las, segundo Inaldo Serejo, 43 anos, vítima e membro da Comissão Pastoral da Terra do Maranhão (CPT-MA).

    O governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B), afirmou que se dispõe a pagar pelos estudos de demarcação de terras indígenas em Viana, a 220 km de São Luís.

    No ano passado, o governo do Maranhão enviou ofício à Funai (Fundação Nacional do Índio) questionando a demora em delimitar as terras dos índios Gamela. O órgão respondeu que não dispunha de verba e pessoal.

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