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    Lava Jato

    JBS diz que pagou R$ 60 milhões em propina para Aécio Neves em 2014

    BELA MEGALE
    CAMILA MATTOSO
    DE BRASÍLIA

    19/05/2017 12h18 - Atualizado às 20h03

    Executivos da JBS disseram ao Ministério Público que pagaram pelo menos R$ 60 milhões em propina para o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) em 2014.

    Segundo a delação premiada, em troca do dinheiro desembolsado, o tucano usou o mandato para "beneficiar diretamente interesses do grupo".

    O exemplo citado no documento ao qual a Folha teve acesso foi de que Aécio teria ajudado na liberação de créditos de R$ 12,6 milhões de ICMS da JBS Couros e dos créditos de R$ 11,5 milhões de ICMS da empresa 'Da Grança', adquirida pela JBS na compra da Seara.

    Há ainda informação de que a companhia ajudou a comprar partidos para entrarem na coligação da chapa candidata à presidência, encabeçada pelo PSDB – derrotada por Dilma Rousseff.

    A colaboração dos funcionários do frigorífico foi homologada pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF (Supremo Tribunal Federal).

    De acordo com os relatos aos procuradores, a empresa emitiu uma série de notas fiscais frias a diversas empresas indicadas pelo senador.

    Há também a informação de que um primo do parlamentar, de nome Frederico Medeiros, foi o indicado para receber valores em espécie.

    Por causa da delação, Fachin determinou a suspensão do mandato de Aécio, além de proibir sua saída do país e qualquer comunicação com investigados ou réus.

    Seu primo e sua irmã, Andréa Neves, foram presos na operação Patmos, deflagrada nesta quinta (18).

    RELATOS

    Além da revelação do valor de propina pago em 2014, a JBS disse também que após a campanha presidencial de Aécio, naquele ano, "vendeu um imóvel superfaturado por R$ 17 milhões a pessoa indicada por Aécio com o fim de fazer chegar a Aécio o dinheiro".

    O pagamento, segundo a delação, por meio de transferência bancária.

    Os executivos da empresa relataram também que em 2016 o senador pediu mais um valor de R$ 5 milhões.

    TORNOZELEIRA

    Segundo documentos da PGR (Procuradoria-Geral da República), o procurador-geral Rodrigo Janot chegou a pedir ao Supremo para determinar a utilização de tornozeleira eletrônica, como alternativa a um mandado de prisão – que também foi pedido, mas não aceito por Fachin.

    OUTRO LADO

    Veja nota da assessoria do senador afastado:

    São mentirosas as declarações feitas pelo senhor Joesley Batista em sua delação sobre pagamento de R$ 60 milhões em propina para o senador Aécio Neves na campanha eleitoral do PSDB em 2014.

    Todos os recursos da JBS recebidos pela campanha foram doações oficiais e não envolveram qualquer tipo de contrapartida ou de uso de dinheiro público.

    Um total R$ 50,2 milhões foram doados pela empresa ao comitê financeiro nacional e à Direção Nacional do partido em 2014. Desse total, R$ 30,44 milhões foram repassados para a campanha presidencial e encontram-se devidamente registrados na prestação de contas do partido.

    Outros R$ 6,3 milhões foram doações feitas a diretórios regionais e candidatos estaduais e R$ 4 milhões doados no período pré-eleitoral, totalizando R$ 60,5 milhões em doações rigorosamente declaradas à Justiça Eleitoral.

    O senador e ex-governador Aécio Neves jamais atuou em favor da empresa JBS e desconhece todas as questões citadas pelo delator relativas a ICMS.

    Trata-se de mais uma acusação sem fundamento e sem apresentação de provas feita por réu acusado de graves crimes de corrupção e uso de dinheiro público, na tentativa de conseguir os benefícios da delação premiada.

    Na mira da JBS

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