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    Lava Jato

    Temer passou a usar telefone seguro só após grampo

    RUBENS VALENTE
    DE BRASÍLIA

    27/05/2017 02h00

    Eduardo Anizelli/Folhapress
    BRASILIA, DF, BRASIL, 25-05-2017, 09h40: O Presidente Michel Temer, durante reuniao com o Presidente da CBIC- Camara Brasileira da Industria da Construcao e grupo de empresarios, no Palacio do Planalto, em Brasilia. (Foto: Eduardo Anizelli/Folhapress, PODER)
    O presidente Michel Temer durante reunião com empresários

    Somente após ter uma conversa interceptada por ordem judicial pela Polícia Federal, com o deputado federal Rodrigo Loures (PMDB-PR), o presidente Michel Temer solicitou e recebeu do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) um telefone protegido por criptografia.

    A entrega do aparelho foi confirmada pelo GSI.

    A Folha apurou que Temer, desde que tomou posse no ano passado na Presidência, nunca havia solicitado um aparelho do gênero. Um TSG (Telefone Seguro) possui, segundo o GSI, "dispositivo de criptografia para comunicações telefônicas e oferece segurança no tráfego de voz e dados".

    Por meio da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), o GSI "disponibiliza soluções de tecnologia para a segurança das comunicações" do presidente e dos ministros de Estado. Cabe ao GSI coordenar as atividades de segurança da informação do governo.

    Na Operação Patmos, deflagrada na semana passada para apurar os termos da delação do empresário Joesley Batista, veio a público que Temer teve pelo menos uma conversa interceptada pela PF com ordem do STF (Supremo Tribunal Federal).

    Ligações feitas entre dois aparelhos criptografados podem ser interceptadas, mas o diálogo fica ininteligível. Entretanto, quando um telefone criptografado se comunica com um sem proteção, de nada adianta a criptografia.

    Daí o aconselhamento de segurança de que o presidente da República só pode usar telefones com criptografia nas duas pontas da ligação.

    Embora mantida no atual governo, essa falha de segurança não começou com Temer. Em 2013, durante uma audiência no Senado, o então ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, disse que a então presidente Dilma Rousseff não tomava cuidados ao falar pelo celular.

    "Todos os ministérios têm um telefone criptografado e recebemos periodicamente ligação dos técnicos encarregados, para ver se estão funcionando. A presidente da República nunca me ligou por um desses telefones. Ela liga no meu celular e às vezes eu levo uma bronca porque faltou uma informação. Não há nenhuma preocupação de que seja vazado o que nós falamos", disse Bernardo.

    A advertência parece não ter surtido grande efeito. Três anos depois, Dilma foi gravada pela PF ao conversar com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em um telefone igualmente sem criptografia.

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