O próximo projeto do artista, cineasta e diretor de TV Tadeu Jungle, 55, é tirar férias. Só neste mês ele estreia dois filmes no cinema. O primeiro, em cartaz desde o dia 11, é o longa "Amanhã Nunca Mais", no qual o protagonista enfrenta uma série de problemas em São Paulo, como o trânsito.
O outro, que chega ao Espaço Unibanco no dia 25, é o documentário "Evoé! - Retrato de um Antropófago", sobre o diretor do Teatro Oficina Zé Celso.
Paulistano criado no bairro de Pinheiros, hoje Tadeu mora no Jardins, onde gosta de andar a pé. "Caminho no contrafluxo dos carros só para ver a rua de forma diferente", conta.
Como a cidade influenciou o roteiro de "Amanhã Nunca Mais"?
É uma noite extraordinária na vida de um homem ordinário. A cidade vai forçando o personagem a ter uma resposta para a vida e chega uma hora em que ele supera a dificuldade que tem de dizer não.
Maria do Carmo/Folhapress |
Diretor Tadeu Jungle (foto) lança seu primeiro longa, "Amanhã Nunca Mais", e documentário sobre Zé Celso; leia bate-papo |
Você já teve um dia de fúria aqui?
Não. Fora a violência, eu acho tudo bom. Tem que ter transporte público melhor, mais parques, um monte de coisa poderia melhorar, mas a cidade tem lugares tão legais que a gente tem que olhar para isso. A programação dos Sescs é genial, além da Bienal, do Masp, das coisas grátis e opções baratas de teatro.
O trânsito te inspira?
Apesar de gostar de caminhar, também gosto muito de automóveis e não tenho problema com o trânsito. A cidade fica linda quando chove e você está dentro do carro. São Paulo é uma cidade que tem trânsito, não dá para ir contra. Você tem que usar isso a favor. E o trânsito é bom para ter ideias. "Amanhã Nunca Mais" nasceu a partir da concepção de várias histórias
passadas dentro de carros.
Qual filme brasileiro representa melhor São Paulo?
"São Paulo, Sociedade Anônima" [1965, de Luís Sergio Person] é muito classudo porque mostra uma cidade em branco e preto, antiga. E gosto de "Boleiros" [1998, de Ugo Giorgetti] pelos personagens. Tem esse paulistano do qual as pessoas debocham, mas que a gente não pode negar. É tão genial ter o cara da Mooca quanto o do Jardins. Cada um com um sotaque diferente. Não é uma coisa clichê, é clássica. O barato de São Paulo é a mistura.
Qual o melhor cenário da cidade?
A vista da minha varanda. Adoro, vejo um mar de prédios. Já fotografei essa vista por um ano inteiro e fiz uma animação mostrando quando estava chovendo, amanhecendo, anoitecendo.