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    Marcas trocam a SPFW por eventos em outras praças ou por loja on-line

    CHICO FELITTI
    DE SÃO PAULO

    24/03/2013 03h00

    O estilista Jefferson Kulig atende o telefone em Curitiba, em plena semana oficial de moda paulistana. Tudo bem com ele? "Ótimo, nem me fale!" É a primeira vez em 20 edições que suas peças não estiveram na passarela do maior evento do gênero do país.

    A São Paulo Fashion Week é uma roupagem que não serve mais para alguns estilistas e marcas, dizem profissionais. É o caso de Kulig. Incluindo ele, quatro marcas tradicionais não participaram desta edição do evento, de segunda a sexta da semana passada no prédio da Bienal, zona sul.

    Estilistas argumentam que o formato, em que um desfile custa cerca de R$ 100 mil, não atrai compradores suficientes para fechar o caixa. Alguns preferiram migrar para eventos no Rio ou no Ceará, onde a passarela chega a custar a metade do preço, mesmo com destaque similar na mídia local.

    Um terceiro grupo se ausentou por falta de tempo, caso de Gloria Coelho. É que a semana mudou suas datas, ocorrendo quatro meses e meio após a última edição, em vez de seis.

    Sem gastar tempo concebendo coleção para a SPFW, Kulig toca outros projetos. Fará acessórios para a Bienal Internacional de Curitiba, que começa em agosto, e mantém uma linha de camisetas na internet. E vende mais, diz. "De todas as pessoas que viram meus desfiles da Fashion Week, se vi dez depois no 'showroom' foi muito."

    Mário Queiroz, outro desistente, deixou de participar da SPFW há duas edições, mas não disse adeus a outras semanas de moda. Pela primeira vez, participará da Dragão Fashion Week, em Fortaleza (CE), em abril. "Quem sabe em 2014 não desfilo no Sul?"

    Queiroz diz que descentralizar é preciso. "Muitas vezes, os compradores de outros lugares não assistem aos desfiles. A participação na SPFW era só para falar para a mídia."

    Outros dois ex-integrantes da semana, que não quiseram se identificar, também se queixam do alto investimento para o pouco retorno, apesar da visibilidade. "Foi o maior erro da minha carreira", diz uma designer. "Tinha uma marca pequena, achava que poderia chamar atenção e ganhar mercado. Não adiantou nada."

    Para fechar o caixa, Juliana Jabour, que mostrou suas peças no prédio da Bienal na última quinta, achou uma solução alternativa -fez desfiles fora da temporada patrocinados por marcas como Brastemp e Lancôme. "Essa verba eu consigo usar para bancar desfiles da SPFW e campanhas, coisas difíceis para uma marca pequena."

    O formato de desfile, diz, é importante para ter reconhecimento. É o que defende Gloria Coelho, que não deve se desligar da SPFW. "Vale a pena." Procurada, a organização não quis comentar as declarações dos estilistas.

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