Ter pelo menos uma página em uma rede social é comum para as crianças nos dias atuais. E essa exposição acaba por revelar alguns talentos precoces da rede.

Gabriel Naressi, 13, é um deles --talentoso para publicar e achar coisas engraçadas em seu blog. Comandante do Mundo Tosco (www.mundotosco.com.br), ele decidiu montar o blog a partir da experiência do irmão. "Conforme fui fuçando, achei a tal blogosfera, favoritei todos e comecei a ler e aprender mais sobre a rede", conta.

Adriano Vizoni/Folha Imagem

Julia Ruggeri, 13, que montou o blog Pastéis de Vento após fazer um minicurso de jornalismo, e faz textos após pensar no assunto

E ele acabou ficando famoso na escola. "Toda hora tem gente atrás de mim comentando os últimos posts." Por isso, ele chegou a ser convidado para ajudar no desenvolvimento das páginas on-line da instituição.

Gabriel não está sozinho. Cerca de 61% de crianças com mais de 13 anos têm páginas próprias em redes sociais, segundo dados divulgados pelo MySpace nos Estados Unidos. No site de blogs LiveJournal, mais de 500 mil blogueiros têm entre 13 e 16 anos.

Essa atuação na internet faz parte do processo de construção da identidade da criança como um ser que vive em um mundo digital, explica Claudemir Viana, pesquisador da Escola de Comunicações e Artes da USP (Universidade de São Paulo). "Ela aprende a usar os recursos, está presente nesse meio e se constrói enquanto ser digital, porque o mundo é assim e ela não pode estar deslocada desse jeito de ser", afirma o pesquisador.

Ele diz que o mercado procura, cada vez mais, profissionais que tenham vida digital. Mas "ela também precisa aprender a se cuidar nesse novo ambiente, assim como ela sabe que não pode aceitar coisas de qualquer adulto que aparece na rua".

Julia Duprat Ruggeri, 13, é outro exemplo de blogueira. Ela criou o --não tão atualizado-- Pastéis de Vento (pasteisdevento.wordpress.com) depois que fez um curso de jornalismo. "A professora pediu que fizéssemos algo mais moderno e sugeriu o blog", conta.

Ao fazer um post, ela diz que, vê algo realmente interessante, pensa por uns dias sobre o assunto e escreve quando já tem a ideia formada. "Afinal, ao escrever algo desnecessário no blog, você perde a credibilidade com os leitores", brinca.

Ela diz conhecer outras amigas blogueiras, mas conta que algumas delas têm blogs fechados "para conversar sobre temas considerados secretos --meninos, paixões...".

Liliane Ferrari, a professora de Julia, fala que percebe que as crianças que fazem o seu curso e criam um blog têm um domínio do vocabulário da rede e "algumas têm quase fluência na linguagem HTML".

Outro destaque é Jorge Lucas, 14, que tem um blog sobre videogames, o Alucard Website (www.alucardwebsite.com). Na página, ele fala sobre "cultura pop japonesa --e sobre as japonesas gatinhas também!", segundo a descrição. Veja entrevista com o menino em bit.ly/jorgelucas.

Blogar pode ser positivo para o seu filho, levando fatores como segurança. Veja como isso pode melhorar habilidades em bit.ly/blogcriancas.