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    Empresas usam satélites, balões e drones para ampliar oferta de internet

    FELIPE GIACOMELLI
    DE SÃO PAULO

    24/08/2015 02h00

    A forma como nos conectamos à internet vai mudar. As alterações não serão tão visíveis para usuários: vão se dar no caminho do sinal até celulares e computadores.

    Hoje, quando você digita o endereço de um site no navegador do smartphone, a informação vai para um roteador ou torre de transmissão e dali até um servidor, que a direciona por cabos submarinos para o centro de dados no qual o site está hospedado –às vezes, em outro continente.

    Essa viagem, de frações de segundos, funciona bem em grandes cidades, com estrutura para ligar os moradores às redes. Mas, em áreas rurais e comunidades mais afastadas, o custo para construir cabos e torres ainda não compensa o investimento.

    Satélites, balões e drones vão ampliar oferta de internet

    Para resolver o problema –e, obviamente, aumentar a margem de audiência e lucro–, empresas como o Google e o Facebook protagonizam uma corrida espacial. O objetivo é substituir os cabos ocupando os céus para fornecer internet de altíssima velocidade por aviões não tripulados, balões e satélites.

    A rede social de Mark Zuckerberg, além de ter criado o projeto Internet.org, que permitirá acesso gratuito a determinados sites, está construindo enormes drones (aviões não tripulados) que fornecerão internet por laser. Têm formato de bumerangue e envergadura de um Boeing 737 (cerca de 40 metros) –mas, feitos de fibra de carbono, pesam menos de 1 tonelada, mais leve que um carro.

    Cada um vai voar por cerca de três meses, controlado por uma base em terra. À noite, baterias carregadas por energia solar vão permitir que continuem nos céus.

    O Google tem um projeto mais adiantado. Neste mês, a empresa assinou um contrato com o Sri Lanka para colocar em operação, até o ano que vem, os balões do Loon –já testados em locais como o Piauí, em 2014.

    As aeronaves serão posicionadas de acordo com a movimentação do ar na estratosfera. Com vida útil de cem dias, serão esvaziadas na hora de pousar e resgatadas por uma equipe em terra. "Já conseguimos lançar dezenas de balões em um dia; o maior desafio agora é aumentar o tempo de vida deles; o recorde foi de 187 dias", afirmou a assessoria do Google.

    A internet, de até 100 Mbps, será fornecida a partir da tecnologia LTE (4G).

    PARA O INFINITO

    Google e Facebook não estão sozinhas nessa espécie de corrida espacial.

    A start-up OneWeb, fundada em 2012 pelo empresário americano Greg Wyler, pretende usar microssatélites para fornecer internet rápida, como wi-fi e LTE (4G).

    Serviços de internet via satélite já existem –nesta semana, a Inmarsat deve lançar seu terceiro dispositivo, para cobrir países no oceano Pacífico, para fornecer banda larga cem vezes mais rápida do que os dois que já estão em órbita.

    Mas, como os satélites estão distantes da Terra (cerca de 36 mil km), a conexão é lenta e corre maior risco de travar –os dispositivos da OneWeb ficarão a 1.200 km.

    O projeto já conseguiu investimentos de US$ 500 milhões, de parceiros como Virgin, Coca-Cola e Qualcomm. A Airbus será responsável pela produção dos aparelhos.

    "Seja em um ponto remoto do planeta, seja dentro de um avião, você estará conectado", disse em comunicado oficial Tom Enders, presidente-executivo da Airbus, que cita a importância do acesso à internet em locais afetados por desastres naturais.

    O maior concorrente da OneWeb é Elon Musk, fundador do PayPal e da montadora Tesla. Sua empresa, a SpaceX, planeja construir 4.000 satélites que, segundo Musk, oferecerão internet 40% mais rápida que a atual.

    A previsão é que em cinco anos o serviço esteja funcionando –mas a explosão de um foguete da empresa, em julho, pode atrasar os planos.

    O próprio Google já investiu US$ 1 bilhão na SpaceX.

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