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    Games refletem estereótipos sociais sobre a mulher, dizem especialistas

    DE SÃO PAULO

    12/02/2016 16h38

    Embora o público feminino já represente quase metade dos fãs de videogames no Brasil, a representação das mulheres nos enredos dos grandes jogos ainda reflete estereótipos. O mesmo acontece com outras minorias, como os gays.

    Em debate na "TV Folha" sobre o uso de games na educação, os professores Gilson Schwartz e Luli Radfahrer comentaram sobre o tema.

    "O comportamento sexista que está nos games é reflexo de uma indústria em que os desenvolvedores são principalmente homens", disse Luli, que é professor da USP e colunista da Folha.

    Ele aponta que, nos games, são frequentes as personagens mulheres retratadas como frágeis e em roupas que não condizem com sua condição de guerreira.

    "Vivemos em uma sociedade em que existe brinquedo 'de menina' e 'de menino', e os games são apenas um retrato desse sistema", disse. "O estereótipo está tão impregnado no jogo que acaba fazendo mal."

    Para ele, a única forma de mudar esse quadro é reconhecendo que o público dos games não é apenas masculino, tampouco restrito aos "nerds". "Um game não precisa necessariamente ter valores feministas, mas precisa respeitá-los."

    EDUCAÇÃO

    Para os especialistas, a reprodução de comportamentos sociais também pode ser importante no aprendizado, refletindo valores como a democracia e a obediência às regras –mesmo que este não seja o objetivo dos desenvolvedores do jogo.

    "A criança pode não estar aprendendo nada, mas aprendeu uma rotina. Se ela não se comportar, é punida", avalia Schwartz (acesse blog do curso dele na USP sobre o assunto).

    O pesquisador é autor de "Brinco, Logo Aprendo" e diretor do Games for Change, um movimento global que defende a utilização dos jogos eletrônicos para o desenvolvimento social.

    Ele aponta que os games também podem ajudar os jogadores a se conscientizarem sobre problemas sociais –como o jogo "Conflitos Globais", desenvolvido na Dinamarca e que engloba temas políticos em regiões como América Latina e Oriente Médio.

    "O game em si não faz nada, mas quem joga tem um acesso a esses temas de uma forma divertida", disse "É um meio de mudar a própria consciência com relação àquele problema."

    Em tempo: durante o debate, o professor sugeriu aos espectadores a consulta de alguns materiais sobre o um relatório do BNDES sobre a indústria de games e dados da Newzoo sobre o mercado mundial de games.

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