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    Ex-monge budista arrecada milhões de dólares com aplicativo de meditação

    FERNANDA EZABELLA
    ENVIADA ESPECIAL A AUSTIN (EUA)

    21/03/2016 01h58

    Stephen McCarthy - 04.nov.2014/Flickr
    Andy Puddicombe, fundador do Headspace, que ajuda pessoas a meditar
    Andy Puddicombe, fundador do Headspace, que ajuda pessoas a meditar

    A voz de veludo do inglês Andy Puddicombe pede para todos fecharem os olhos. Um silêncio toma conta do salão lotado com 1.400 pessoas, enquanto o ex-monge budista lidera quase dez minutos de meditação. "Agora, contem sua respiração, de um a dez", ele diz, de jeans e camisa cinza, num palco do South by Southwest (SXSW), festival de música, cinema e tecnologia que aconteceu na semana passada.

    Sua voz já foi baixada mais de 6 milhões de vezes em celulares de 150 países, incluindo 100 mil vezes no Brasil, com a ajuda do aplicativo Headspace, lançado em 2012. Ele sabe da ironia de ter no aparelho que estressa tanta gente a solução para uma mente mais tranquila, mas acredita que a tecnologia pode funcionar a favor.

    "O celular não é bom ou ruim, é apenas um pedaço de plástico e vidro no seu bolso. O problema é como nos relacionamos com a tecnologia. Precisamos achar um jeito melhor de interagir com ele", disse Puddicombe, 43, que largou os estudos de ciência esportiva aos 22 anos para virar monge nos Himalaias.

    Headspace começou com uma equipe de quatro pessoas e hoje tem mais de 100 funcionários entre Londres e Venice, praia de Los Angeles onde vive com a mulher. Em setembro, a start-up levantou US$ 30 milhões (cerca de R$ 107 milhões) para contratar mais engenheiros e expandir conteúdo, que já conta com mais de 500 horas de áudio para diversos tipos de meditação.

    Puddicombe não se vê como um guru e odeia o termo, apesar de ser o líder de um movimento global pela popularização da meditação. "Gurus têm seu lugar numa fé ou religião. Eu sou mais como um antiguru. Quando estou ensinando, sou igual a você, somos estudantes da mente, estou ao seu lado. A diferença é que tenho um pouco mais de prática que você", disse à Folha.

    Ele passou dez anos viajando pela Ásia, fazendo de Moscou sua última parada, onde havia sido recrutado para ensinar meditação. Quatro anos depois, desistiu da vida monástica e voltou para Londres para ensinar técnicas de relaxamento a executivos. "Cada vez mais eu via a necessidade de meditação no mundo. Muita gente não fazia porque achava esquisito, algo religioso ou clínico. Queria transformar em algo acessível."

    A start-up faz dinheiro com assinaturas mensais ou anuais (US$ 8 a US$ 13 por mês). Há meditações para quando se está caminhando para o trabalho, para quem tem medo de voar, para dormir melhor ou mesmo fazendo exercícios. Para os iniciantes, é possível fazer dez sessões gratuitas de dez minutos.

    Puddicombe grava novas sessões três vezes por semana, e o aplicativo lança novos pacotes de áudio todo mês. "Você define sua meditação pelo uso que faz dela. Você pode usar para reduzir estresse, para ter relações mais saudáveis, para ter uma performance melhor", disse. "Tudo isto será efeito colateral desta jornada que é entender melhor sua mente."

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