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    Carros sem motorista estão cada vez mais autônomos, mostram relatórios

    NATÁLIA PORTINARI
    DE SÃO PAULO

    03/02/2017 17h00

    Segundo relatórios disponibilizados pelo órgão de trânsito do Estado da Califórnia (EUA), os carros sem motorista estão significativamente melhores —de 2015 para 2016, a média de intervenções humanas nos testes feitos em vias públicas diminuiu 66%.

    Quem se saiu melhor foi o carro da Waymo, empresa da Alphabet, dona do Google, cujos veículos rodam 8.252 km para cada intervenção, oito vezes mais que a BMW, a segunda colocada. No ano passado, a distância média da Waymo para cada intervenção era 2.002 km.

    As ocorrências, chamadas de "disengagements" em inglês, significam que um ser humano teve que interferir nos testes para auxiliar o funcionamento do carro, presencialmente ou à distância. Causas comuns de "disengagements" são manobras inesperadas, risco de colisão e excesso de velocidade do veículo.

    Autonomia dos carros sem motorista - Taxa de quilômetros rodados para cada intervenção humana

    Os relatórios, enviados pelas próprias empresas ao Departamento de Veículos Motorizados (DMV, em inglês) do governo californiano, são uma exigência da lei estadual. O departamento afirma que os dados servem para "supervisionar se um fabricante consertou problemas do ano anterior", e não como uma medida do quão "seguros" são os carros.

    Os dados de "disengagements" têm limitações. Eles não mostram em que condições aconteceu cada interferência, ou seja, não medem precisamente se o sistema de um carro é realmente melhor que dos outros.

    CONCORRÊNCIA

    A tecnologia utilizada nos carros inteligentes se desenvolve com a prática, o que explica a discrepância entre as empresas. Quanto mais os carros circulam pelas ruas, melhor é seu desempenho.

    Em 2016, a frota da Waymo (que agora é uma empresa separada do Google) rodou uma quilometragem quase mil vezes maior que a BMW, e por isso tem uma autonomia maior. Tesla, Ford, BMW e GM começaram os testes recentemente.

    Segundo Bryan Reimer, pesquisador de transportes do Instituto Tecnológico de Massachussets (MIT, em inglês), dados transparentes sobre os testes são importantes para desenvolver uma relação de confiança com o público.

    "As estatísticas são difíceis de interpretar, já que as condições de teste mudam, mesmo dentro de uma mesma organização. Uma empresa pode, por exemplo, ter feito testes em situações mais simples em um ano, e ter testado situações mais complexas no ano seguinte", afirmou Reimer à Folha.

    Além dos testes na Califórnia, as empresas também desenvolvem os carros em circuitos fechados, ou optam por Estados americanos que não exijam tanta transparência, como fez o Uber —portanto, é difícil saber em que etapa está o desenvolvimento de cada marca.

    A Bosch, "última colocada" do ranking, afirma que o seu objetivo não é "testar resistência" (ou seja, um longo tempo sem interferências), e sim "desenvolver soluções de software e hardware que possamos oferecer a clientes em futuros projetos de direção automatizada".

    O DMV também tem registros das colisões. De todos acidentes reportados na Califórnia desde 2014, quando começaram os testes, 21 de 24 ocorreram com carros do Google. A maioria é causada por um motorista humano que esbarra no carro autônomo.

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