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    Três brasileiros são premiados em feira de tecnologia nos EUA

    AMON BORGES
    ENVIADO ESPECIAL A LOS ANGELES

    25/05/2017 10h21

    Luis Eduardo Selbach/Divulgação
    Maria Eduarda de Almeida (esq.), Luiz Fernando Borges e Juliana Davoglio Estradioto na Intel ISEF, em Los Angeles
    Maria Eduarda de Almeida (esq.), Luiz Fernando Borges e Juliana Estradioto na feira da Intel nos EUA

    Luiz Fernando da Silva Borges tem apenas 18 anos, mas já pode ser considerado um veterano com sua terceira participação em uma das maiores feiras de ciência e tecnologia do mundo, voltada para apresentação de projetos feitos por jovens antes de entrarem na faculdade.

    Borges, nascido e criado em Aquidauana, no interior do Mato Grosso do Sul, recebeu um prêmio de US$ 1.500 na Intel Isef 2017 (Intel International Science and Engineering Fair), em Los Angeles (EUA), em 19 de maio, com seu projeto que tenta estabelecer comunicação com pacientes em coma ou estado vegetativo.

    Segundo lugar na categoria de engenharia biomédica, o Hermes Braindeck é uma espécie de touca que funciona por meio dos estímulos elétricos gerados quando o paciente pensa, fazendo com que não seja necessário o uso de músculos ou até da visão. Apenas a audição seria usada.

    "Se a pessoa estiver escutando os comandos do computador, ela gerará estes pensamentos, que geram os pulsos distintos que o computador consegue reconhecer. O computador então transforma estes pensamentos em respostas para perguntas dos médicos e da família, por exemplo", explica.

    Amon Borges/Folhapress
    Estande com projeto de Luiz Fernando Borges na ISEF 2017
    Estande com projeto de Luiz Fernando Borges na Isef 2017

    Alguns testes já foram feitos, mas o jovem espera algumas aprovações éticas necessárias para aplicação nos pacientes em coma ou vegetativos.

    Outra novidade, segundo Borges, é que o programa de computador consegue guiar os pensamentos da pessoa para que sejam convertidos em palavras, sem o uso da visão. "Todo o treinamento do programa para reconhecer esses pensamentos é feito automaticamente, e até a voz dos familiares do paciente pode ser usada no programa para tanto."

    Realizada desde 1997, a competição internacional reuniu neste ano cerca de 1.800 jovens cientistas escolhidos entre as 425 feiras afiliadas em 78 países.

    Nas outras duas edições de que participou, ele apresentou trabalhos relacionados a DNA e a prótese de pacientes com membros amputados (considerado o melhor na categoria de engenharia biomédica).

    Borges foi aluno do Instituto Federal do Mato Grosso Sul (IFMS) no ensino médio e sempre frequentou escolas públicas. Agora, pretende estudar neurociência e engenharia biomédica. Ele deve tentar uma vaga em grandes instituições de ensino –como as americanas Harvard, Stanford, Duke e Yale.

    Sobre os obstáculos que tem de enfrentar para seguir suas pesquisas, ele ressalta: "Seria mais fácil perguntar quais são as facilidades."

    Entretanto, destaca o apoio que teve do IFMS. Segundo ele, a instituição tem bons equipamentos no laboratório, mas não eram suficientes para seus trabalhos. "Sempre improvisei tudo, transformei meu quarto em um laboratório desde 2013, e busquei parcerias."

    Para superar a falta de estrutura, ele se inspira no médico e cientista brasileiro Miguel Nicolelis, que desenvolve projetos na área de neurociência. Ele também conta com parcerias privadas com empresários.

    Amon Borges/Folhapress
    Entrada do centro de convenções de Los Angeles, que recebeu a ISEF 2017
    Entrada do centro de convenções de Los Angeles, que recebeu a Isef 2017

    Borges diz que passava por um momento difícil acadêmico em 2013, quando assistiu a um vídeo de Nicolelis na internet, intitulado "como realizar o impossível". "As palavras foram simples, mas nunca saíram da minha mente, tanto porque me inspiraram a lutar contra adversidades e me apontaram um pesquisador 'made in Brazil' que criou uma área da neurociência que basicamente te ensina a controlar coisas com a mente", relembra.

    OUTROS PROJETOS

    Outros 21 projetos brasileiros participaram da competição, sendo 2 deles premiados.

    O estudo da gaúcha Maria Eduarda de Almeida sobre preservação da biodiversidade com plantas nativas do Brasil (4º lugar na categoria Ciências das Plantas) e o projeto da também gaúcha Juliana Davoglio Estradioto sobre desenvolvimento de um novo plástico biodegradável (4º lugar em Engenharia Ambiental) receberam US$ 500.

    O alemão Ivo Zell, 18, ganhou o prêmio principal de US$ 75 mil com o projeto de um protótipo de aeronave mais eficiente que as tradicionais e com boa estabilidade.

    Amber Yang, 18, da Flórida (EUA), recebeu US$ 50 mil pelo estudo relacionado à localização de nuvens de detritos espaciais, enquanto Valerio Pagliarino, 17, da Itália, também conquistou o mesmo valor com um protótipo de uma nova rede wireless de alta velocidade baseada em laser.

    O jornalista viajou a convite da Intel

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