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    Boipeba e Morro de São Paulo opõem agito e descanso na BA

    ROBERTO DE OLIVEIRA
    da Revista da Folha

    19/12/2008 01h57

    Do alemão ao inglês, passando pelo francês, ibérico e afins, todos querem comprovar in loco o que levou páginas de guias europeus a darem o sugestivo apelido de Polinésia brasileira àquele pedacinho de terra cercado de água. Há quem enxergue na transparência de suas piscinas naturais semelhanças com os mares do Caribe. Outros acreditam que aquela parte da Bahia, repleta de praias intocadas e banhada por um mar azul-turquesa, é única, sem precedentes. Depois de cair em suas águas calmas e transparentes, ninguém mais duvida: Boipeba vale o esforço e os sacolejos que envolvem a árdua jornada de chegar até lá.

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    Roberto de Oliveira/Folha Imagem
    Encontro do rio com o mar na praia de Cueira, que dá acesso à praia de Moreré, na ilha de Boipeba
    Encontro do rio com o mar na praia de Cueira, que dá acesso à praia de Moreré, na ilha de Boipeba

    A foz do rio do Inferno, que separa Boipeba da ilha de Tinharé, onde fica o Morro de São Paulo, parece anunciar, num clima para lá de despojado, o que virá pela frente. Ao desembarcar na Boca da Barra, percebe-se que quem busca sossego encontrará ali. Bem diante das embarcações fica a entrada da Velha Boipeba, vilarejo do século 17 por onde só se anda a pé e que, por enquanto, não se transformou num shopping a céu aberto, como ocorreu com a praia do Forte, no litoral norte baiano.

    Nada de restaurantes sofisticados, axé, "lounge music", luminosos, vitrines ou ambulantes perturbando a calma ao ofertar seus produtos insistentemente. Boipeba segue tranqüila. Combina belezas naturais com originalidade local. Para completar o tempero, preserva ainda um ar de comunidade alternativa.

    O clima à beira-mar não difere. São cerca de 20 km de praias semidesertas. Tome como exemplo uma caminhada de Tassimirim, com formações rochosas e piscinas naturais na maré baixa, até Moreré. No trajeto, uma pausa para saborear uma lagosta assada na própria água do mar na barraca do Guido, na praia de Cueira, praticamente sem nenhuma construção e com coqueirais a perder de vista.

    A propósito, Cueira é um dos melhores lugares da ilha para banho. Existe a galera do surfe, mas o mar não é agitado. Orla extensa, costões e pedras nos cantos, com uma longa faixa de areia sombreada pelos coqueiros.

    Se a maré não estiver baixa, acalme-se e espere por ela tranqüilamente à sombra. Quando a água baixar, atravesse o rio com atenção para não pisar nas ostras. Siga a trilha dentro de uma fazenda de coqueiros e você chegará à mais paradisíaca das praias de Boipeba: Moreré.

    Dá para caminhar mar adentro com a água, azul-bebê e morna, na cintura, apreciando os peixinhos. Alguns passos, o turista gira o pescoço para um lado, para o outro, e ninguém à vista. Quer mais? A dez minutos de lancha dali, chega-se às piscinas naturais em alto-mar, consideradas as mais transparentes de todo o Nordeste.

    Roberto de Oliveira/Folha Imagem
    Turista caminha na maré baixa pela quarta praia de Morro de São Paulo, na Bahia
    Turista caminha na maré baixa pela quarta praia de Morro de São Paulo, na Bahia

    Vai aí um lembrete: não se esqueça de que o espetáculo do entardecer acontece do outro lado da ilha, na Boca da Barra, onde as águas do rio do Inferno são tingidas por uma imensa variedade de tons. A molecada brinca na orla ao mesmo tempo em que os barcos de pesca vão atracando. E o céu mudando de cor. Em questão de instantes, passeia do laranja ao roxo.

    Para ajudar no desenho da paisagem, o fluxo de turistas de um só dia que vêm do Morro já retornou para lá. Daí é só apreciar o espetáculo e esperar o céu pipocar de estrelas.

    Agora, se o visitante não quer isolamento em praias preservadas, então o melhor é atravessar logo para a outra ilha, Tinharé, onde fica o Morro de São Paulo -na verdade, o lugar está na ponta norte da ilha. Tinharé se situa ao norte do arquipélago da baía de Camamu, região conhecida como Tabuleiro Valenciano ou ainda Costa do Dendê.

    Da ferveção ao "relax"

    Com exceção da transparência da água, praticamente não existe semelhança entre elas. "Point" de mochileiros nos anos 70, o Morro cresceu. Tornou-se chique, ganhou pousadas bacanas e turistas de todas as partes. Muitos deles. Mas, acredite, se você quer animação, vai encontrar aos montes, principalmente no centrinho e nas primeiras praias. O mesmo vale para quem procura sossego, mas nas últimas praias (quarta e quinta).

    Os estrangeiros adoram o Morro. É comum os gringos compararem o lugar às ilhas mediterrâneas por causa das ladeiras, do portinho, do centro e de suas casinhas. O destino ainda não perdeu a vocação de vilinha. Logo na entrada, está lá o arco do Portaló, coroando com boas-vindas os visitantes.

    No Morro, as praias são para todos. A primeira e a segunda, mais badaladas, com direito a axé do dia à noite. A primeira praia fica no centrinho, com uma rua repleta de restaurantes, lojinhas e algumas pousadas.

    Foi lá que tudo começou, antes de a pequena vila de pescadores ser tomada pelo comércio. De areia branca e solta, é a mais procurada pelos surfistas.

    Na seqüência, a segunda, onde o axé rola solto, é a mais freqüentada pelos turistas que se embalam nas festas madrugada adentro. Emoldurada por corais e cheia de piscinas naturais, a terceira praia pode ser considerada uma zona intermediária. Com quase 1 km de extensão, ela promove a transição do "fervo" para a tranqüilidade da quarta e da quinta praias, as mais belas da ilha. Uma mostra de seus encantos é a água transparente que permite avistar, na maré baixa, os recifes com tocas de peixes e polvos.

    Não se esqueça: em Morro não há carros. O transporte é feito com tratores, bicicletas, cavalos e charretes. Gostoso mesmo é andar a pé. Da primeira à quarta praia, por exemplo, gastam-se cerca de 20 minutos caminhando pela areia. Pelo caminho, barzinhos pé na areia, piscinas naturais e aquelas batidas explosivas que a Bahia adora inventar a cada temporada.

    O que mais se pode querer neste verão? OK, há quem reclame, alegue que o Morro se tornou, nos últimos anos, uma espécie de Babel, com o turismo de massa batendo à sua porta.

    Mas, depois de assistir ao pôr-do-sol na Fortaleza de Tapirandu, conhecida simplesmente como Forte do Morro, de se ajeitar num lugarzinho entre as muralhas e ruínas do século 17 sobre o mar e de ficar lá, fitando os olhos em mais um espetáculo da natureza, com direito a observar golfinhos, quem há de reclamar?

    Arte

    QUANDO IR
    O verão é a época mais ensolarada, mas é quando o Morro fica mais badalado. De março a novembro, a presença de estrangeiros, que escapam do inverno do hemisfério Norte, é maior, e os preços, mais em conta. Em Boipeba, o movimento é tranqüilo na maior parte do ano

    PARA QUEM
    Busca sossego (ou agito), sombra e águas cristalinas

    Roberto de Oliveira viajou a convite da Gol Linhas Aéreas Inteligentes e da Venturas & Aventuras.

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