Não se volta de Petra impunemente. Volta-se apaixonado. Pelos três motivos que fazem qualquer viagem valer a pena: a beleza natural, a importância histórica e o acolhedor envolvimento com moradores locais. Era 1925 quando os primeiros turistas europeus começaram a ir a Petra. Sobre cavalos ou camelos -não havia outra forma de chegar lá-, vinham de Jerusalém, eram recebidos por beduínos e convidados para pernoitar em cavernas.
A hospitalidade e o deslumbramento não bastaram para incrementar o turismo. Foi só nos anos 80 que uma linha de ônibus ligou Amã a Petra, e Wadi Musa -vila grudada ao sítio arqueológico- tomou fôlego para hospedar visitantes. Exceto por transporte e infraestrutura, tudo continua igual. Com mais de 9.000 anos de história -e que história!-, a cidade foi redescoberta por um suíço no século 19, mas somente há três décadas foi reconhecida como destino turístico. Hoje, recebe mais de meio milhão de visitantes por ano. Petra é a grande responsável pela entrada da Jordânia no mapa de quem vai ao Oriente Médio.
Priscila Pastre-Rossi/Folha Imagem |
Entradas de cavernas em Petra, sítio arqueológico cuja origem remonta a 9.000 anos e que fica localizado na região sul do país |
Da Bíblia aos guias
Se só agora a cidade aparece em guias de viagem, na história os registros são mais antigos. Petra já estava na Bíblia de Gutenberg, primeiro livro impresso da história, no século 15. A menção está no Antigo Testamento, quando Moisés e os israelitas, na passagem que fala da caminhada de 40 anos pelo deserto em busca da terra prometida, se aproximam de Edom -região que se estendia do mar Morto ao golfo de Aqaba. Moisés teria recebido ali, perto das montanhas, a ordem de Deus para falar com uma pedra para que dela jorrasse água. Eleita em 2007 uma das novas sete maravilhas do mundo -com lugares como Machu Picchu (Peru) e Taj Mahal (Índia)-, Petra é inesquecível. A paisagem desértica e os monumentos esculpidos nas pedras dividem a atenção do turista com a intrigante cultura beduína.
Nos anos 80, com os planos de alavancagem do turismo, veio a ordem do governo para que eles saíssem de Petra e rumassem para Umm Sayhoum, vilarejo a 4 km dali. Eles foram e fizeram suas casas. Começaram a vender artesanato e objetos supostamente usados pelos nabateus (não caia nessa!) aos visitantes. Compraram carros e celulares. Mas não se acostumaram com a vida entre quatro paredes. Muitos não abrem mão de dormir em cavernas.
O contato com os locais pode começar bem na entrada do sítio, onde é possível contratar um beduíno como guia. O preço é calculado pela duração do passeio (seis horas custam 35 dinares jordanianos, R$ 112).
Mas, mesmo que você opte por caminhar sozinho, encontrará famílias, que oferecerão chá preto ou de menta. Se der sorte, encontrará beduínos cozinhando e será bem-vindo para repartir a refeição. Ao lado de Petra, conheça Little Petra, antiga rota comercial que ligava a região a Gaza, Egito e à costa mediterrânea.
INGRESSO PARA PETRA
Um dia: 21 dinares jordanianos (R$ 67,58); dois dias: 26 dinares jordanianos (R$ 83,61). Vendidos diariamente, das 7h às 22h
PRISCILA PASTRE-ROSSI viajou à Jordânia a convite do Jordan Tourism Board, nos EUA