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    Grand Central é uma das estações mais grandiosas do mundo

    SAM ROBERTS
    DO "NEW YORK TIMES"

    22/01/2013 13h38

    Leia o último trecho do livro "Grand Central: How a Train Station Transformed America", de Sam Roberts, crítico de urbanismo do "New York Times",.

    Livro conta os cem anos da estação Grand Central Terminal, em Nova York
    Conforto dos passageiros era prioridade na Grand Central

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    Mas no dia da inauguração não deve ter sido possível parar para observar por muito tempo. Os funcionários da ferrovia estimaram que, até as 16h do domingo, 2 de fevereiro de 1913, mais de 150 mil pessoas haviam visitado o terminal, desde a abertura das portas, à 0h.

    O primeiro trem a partir foi o Boston Express n° 2, às 0h01min. O primeiro a chegar foi um trem local da linha do Harlem. O primeiro passageiro a comprar uma passagem foi F. M. Lahm, de Yonkers.

    A Grand Central foi divulgada como a primeira grande estação "sem escadas", com a circulação de passageiros conduzida por meio de rampas suaves projetadas para acomodar a todos, "dos viajantes velhos e enfermos aos pequeninos que caminham de mãos dadas com as mães, de homens carregados de bagagens que eles se recusam a confiar até mesmo aos mais gentis dos funcionários a mulheres com vestidos de longas caudas".

    Todo esse fluxo se dirigia às 32 plataformas do piso superior e às 17 do piso inferior (às quais 66 e 57 conjuntos diferentes de trilhos acorriam, respectivamente), passando por um saguão principal de 84 metros de comprimento, 37 metros de largura e 38 metros de altura, flanqueado por paredes transparentes de 27 metros de altura, pontuadas por passarelas de vidro que conectavam os escritórios instalados nos cantos do terminal.

    O teto côncavo oferecia uma visão do firmamento, de Aquário a Câncer, no céu de outubro - 2,5 mil estrelas, 59 das quais iluminadas, e duas largas bandas douradas representando o eclíptico e o Equador. Por diversos meses, os pintores debateram sobre como comprimir o firmamento em um teto cilíndrico, porque a versão criada pelo artista Paul Helleu parecia mais adequada a um domo, e eles conduziram experiências para encontrar o tom correto de azul.

    A pintura do teto foi desenvolvida por J. Monroe Hewlett e executada, principalmente, por Charles Basing e sua equipe. Até 50 pintores trabalharam juntos sob a direção de Basing para garantir que não houvesse variações de tonalidade na coloração. As janelas redondas tinham ornamentos em gesso com figuras de rodas de locomotivas dotadas de asas, ramos de folhagem representando os transportes, e nuvens e caduceus (um cajado curto em geral decorado por imagens de serpentes e asas, usado pelos arautos medievais).

    Os toques finais demorariam ainda um ano a serem acrescentados (o viaduto só seria inaugurado em 1919, e a inovadora elipse do nível inferior, que permitia a partida mais rápida dos trens, só entraria em operação em 1927).

    Entre os últimos detalhes acrescentados estava a estátua "Transportation", criada pelo escultor francês Jules Félix Coutan, por sobre o portal central da rua 42. Coutan, que também criou a imagem da França renascentista esculpida para a extravagante ponte Alexandre 3° em Paris, preparou um modelo de gesso em escala um para quatro, no seu ateliê, e com base nisso o irlandês John Donnelly esculpiu a estátua de 1,5 mil toneladas, com calcário de Indiana, no pátio da William Bradley & Son, em Long Island City, Queens.

    Contemplando um modelo de gesso da escultura em seu escritório, Warren mais tarde escreveu que enquanto os antigos entravam em cidades por meio de portões triunfais, que davam acesso a poderosas fortificações, em Nova York e outras cidades era mais provável que o portão fosse "um túnel que conduz o influxo humano ao centro da cidade".

    "E é isso que o Grand Central Terminal constitui", ele prosseguiu, "e o motivo dessa fachada é uma tentativa de prestar tributo às glórias do comércio, tais como aquela instituição exemplifica".

    Quando o Grand Central Terminal foi enfim concluído, só faltavam os adjetivos. O "New York Times" produziu um caderno especial do jornal definindo o terminal como "um monumento, um centro cívico ou, se preferirem, uma cidade".

    "Sem exceção", o jornal afirmou, "é não só a maior estação dos Estados Unidos mas a maior estação, de qualquer espécie, no mundo".

    Um século mais tarde, o romancista e jornalista Tom Wolfe escreveria que "cada grande cidade tinha uma estação ferroviária com arquitetura clássica grandiosa - grandiosa a ponto de fazer com que, deslumbrados e intimidados, os grandes arquitetos da Grécia e Roma desviassem o olhar -, exibindo toda espécie de domo, tetos elevadíssimos, colunas descomunais, cornijas majestosas, ecos retumbantes - graças ao imenso volumes de espaço - e quilômetros de mármore, mármore, mármore - mas a maior, mais grandiosa e mais gloriosa delas era, de longe, a Grand Central Station.

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