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    Roteiro leva turista pelos principais locais da história de Mandela

    JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
    ENVIADO À ÁFRICA DO SUL

    27/11/2014 02h00

    Se o leitor é daqueles que começam a viagem bem antes do embarque, por meio de guias e livros sobre o destino, no caso da África do Sul a primeira leitura é "Longa Caminhada até a Liberdade". A autobiografia de Nelson Mandela vai da infância até 1994, quando o líder se torna presidente de seu país.

    Seu nome de batismo, Rolihlahla, significa "puxando o galho da árvore", algo como encrenqueiro –o nome Nelson, "branco", foi dado pela primeira professora, por ser "mais civilizado". Rolihlahla e depois Nelson de fato puxaram vários galhos na vida, com muitas consequências.

    Editoria de arte/Folhapress

    Robben Island talvez seja o palco mais óbvio do relato. A ilha em que Mandela passou 18 anos preso é hoje um museu a céu aberto e um dos passeios mais populares na Cidade do Cabo. É prudente reservar mais de um dia para a visita, já que o transporte está sujeito às condições do mar e por vezes é suspenso.

    Em Johannesburgo, o Constitution Hill Precinct, prisão que Mandela frequentou nos anos 1950, abrigou em 1913 outro ilustre, Mahatma Gandhi, o líder pacifista hindu, que morou e advogou na África do Sul por 20 anos.

    Também em Constitution Hill, vale visitar a Suprema Corte, estabelecida após a reforma constitucional de 1995. Uma janela que rasga quase toda a lateral do prédio deixa na mesma altura os juízes e os pés de quem passa por fora. Uma sútil maneira de lembrar aos ministros que eles não são superiores.

    Em Pretória, o tribunal onde aconteceu o "Rivonia Trial", julgamento em que Mandela foi condenado a prisão perpétua em 1964, não é aberto ao público.

    Um guia oficial, no entanto, pode arranjar a visita ao local onde Mandela escapou da pena capital com uma frase que entrou para a história: "Persigo o ideal de uma sociedade livre e democrática (...). É um ideal pelo qual vivo e espero alcançar. Mas, se necessário for, um ideal pelo qual estou pronto para morrer".

    O nome Rivonia vem da região onde se localiza a fazenda Lillesleaf, próximo a Johannesburgo, que serviu de esconderijo para Mandela.

    Um casal branco com empregados negros servia de fachada para o aparelho, hoje transformado em museu e centro de estudos. Mandela usava um uniforme azul e era o jardineiro da casa, que acabou desbaratada pela polícia sul-africana –dizem pesquisadores, com ajuda da CIA.

    Óbvio também é ir a Soweto, a mundialmente famosa periferia de Johannesburgo, cujos bairros do sudoeste foram estabelecidos nos anos 1960 para abrigar negros.

    O apartheid determinava não apenas a segregação, mas também o afastamento espacial de negros, indianos, mestiços e brancos.

    De pretensa solução, Soweto se tornou um problema. Um levante estudantil, em 1976, violentamente reprimido pela polícia, deixou um saldo de mais de 500 mortos e iniciou o movimento internacional que levou à libertação de Mandela 14 anos depois.

    Mandela era morador de Soweto, na única rua com dois prêmios Nobel do mundo (ele e o arcebispo anglicano Desmond Tutu), a Vilakazi Street. Sua casa hoje é um ponto turístico, em meio a bares, restaurantes e 4 milhões de moradores.

    Perto dali, o histórico estádio do Orlando Pirates, palco de manifestações e discursos, uma espécie de Vila Euclides local. Longe dali, o Soccer City, o estádio construído para a Copa de 2010, hoje um elefante cada vez mais branco.

    PRINCIPAIS PONTOS DO ROTEIRO MANDELA

    CIDADE DO CABO

    Robben Island
    Há quatro saídas diárias para a ilha, onde há um museu
    robben-island.org.za
    280 rands (R$ 25,50)

    City Hall e Grand Parade
    Da prefeitura, no pricipal espaço público da cidade, ele discursou para 250 mil pessoas após ser libertado, em 1990
    capetown.travel

    QUNU

    Nelson Mandela Youth and Heritage Center
    Centro onde Mandela está enterrado (o túmulo não é aberto a visitação)
    nelsonmandelamuseum.org.za

    HOWICK

    The Capture Site
    Em 1962, após 17 meses foragido, Mandela foi preso nessa estrada ao voltar de uma reunião do então proscrito Congresso Nacional Africano. Escultura de Marco Cianfanelli, 50 hastes de ferro formam o rosto do líder sul-africano
    thecapturesite.co.za
    25 rands (R$ 2,30)

    JOHANNESBURGO, PRETÓRIA E CERCANIAS

    Chancellor House
    Escritório de advocacia de Nelson Mandela e Oliver Tambo na década de 1950
    gauteng.net

    Lillesleaf
    A fazenda-esconderijo de Mandela e outros líderes da luta contra o apartheid
    liliesleaf.co.za
    60 rands (R$ 5,50)

    Constitution Hill
    Prisão onde Mahatma Ghandi e Mandela foram presos
    www.constitutionhill.org.za

    Centro de Memória da Fundação Nelson Mandela
    Acervo vai de calendário cheio de anotações, dos tempos de prisão, ao prêmio Nobel (é preciso agendar horário)
    nelsonmandela.org

    Museu do Apartheid
    Programa obrigatório, relata a ascensão e a queda do regime de segregação racial (não abre às segundas-feiras)
    apartheidmuseum.org

    Museu Casa de Mandela
    A casa onde ele morou, em Vilakazi Street, coração de Soweto
    mandelahouse.org
    40 rands (R$ 3,70)

    Museu Hector Pieterson
    Centro que presta homenagem ao Levante de Soweto, em 1976, no bairro de mesmo nome
    gauteng.net

    Nelson Mandela Square, Union Buldings
    Abrigam as estátuas mais famosas de Mandela, com 6 e 9 metros respectivamente
    nelsonmandelasquare.com
    thepresidency.gov.za

    SAIBA MAIS

    Divulgação
    Livros e filme trazem história do líder sul-africano
    Livros e filme trazem história do líder sul-africano

    LONGA CAMINHADA ATÉ A LIBERDADE
    Autobiografia de Mandela (2012)
    Quanto R$ 69 (782 págs.)
    Editora Nossa Cultura
    (nossacultura.com.br )

    CONVERSA QUE TIVE COMIGO
    Obra construída a partir do arquivo pessoal dele (2010)
    Quanto R$ 39,50 (416 págs.)
    Editora Rocco
    (rocco.com.br )

    MANDELA, O CAMINHO PARA A LIBERDADE
    Longa-metragem conta a trajetória do líder (2013)
    Quanto R$ 16,90
    Onde Na Fnac
    (fnac.com.br )

    O jornalista viajou a convite do South African Tourism, órgão de turismo do governo sul-africano

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