• Turismo

    Friday, 19-Apr-2024 10:31:31 -03

    Terra de Cora Coralina, cidade de Goiás exala histórias e poesias

    ROBERTO DE OLIVEIRA
    EM GOIÁS

    24/09/2015 02h00

    Na cozinha, os olhos vagueiam pelos tachos de cobre, enquanto a imaginação reconstrói o aroma dos doces que outrora deles saía.

    Nas paredes, vestidos pendurados; sobre uma mesa, a velha máquina de escrever a evocar o tec-tec das teclas sob o comando da poetisa que tão bem cantou a sua terra.

    Estamos no Museu Casa de Cora Coralina, instalado, às margens do rio Vermelho, numa edificação do século 18, onde viveu Ana Lins dos Guimarães Peixoto Brêtas (1889-1985), cuja obra literária foi escrita sob o sonoro e sugestivo pseudônimo, em que mesclou "cor" ("coração" em latim) com a referência aos corais.

    A um canto, um pequeno cajado traz à tona a memória de seus últimos dias, quando dele se servia para andar pela casinha de número 20, da rua Dom Cândido, que fica no centro histórico da cidade de Goiás, tombado pela Unesco como Patrimônio Mundial.

    Foi naquela antiga construção que Cora Coralina passou a infância, parte da adolescência e o fim da vida.

    Sob o cantarolar dos sabiás, caminhamos pelas ruas de pedra construídas por escravos. O passo lento permite que o olhar repouse sobre belos casarões coloniais e igrejas setecentistas.

    PERFUME DO CERRADO

    Vielas, becos e ladeiras evocam a presença de Cora Coralina, autora dos versos: "Eu sou estas casas encostadas cochichando umas com as outras. Eu sou a ramada dessas árvores, sem nome e sem valia, sem flores e sem frutos, de que gostam a gente cansada e os pássaros vadios", do poema "Minha Cidade".

    Não podemos deixar de visitar a igreja da Boa Morte, de estilo barroco. Feita de blocos de pedra e paredes de taipa, abriga desde 1969 o Museu de Arte Sacra da Boa Morte, onde existe um acervo de mais de mil obras.

    As imagens de santos, talhadas em cedro, são de autoria de José Joaquim da Veiga Valle (1806-1874), escultor que escolheu como morada a cidade de Goiás, onde hoje estão seus restos mortais.

    Fundada por bandeirantes, que buscavam índios e ouro, a cidade de Goiás cresceu às margens do rio Vermelho.

    A cruz do Anhanguera, seu marco histórico, foi levada pela enchente de 2001 e resgatada a 500 m de seu local original, onde foi posta uma réplica dela. Hoje, a peça verdadeira está guardada no Museu das Bandeiras.

    Depois de caminhar bastante, é inevitável pensar na gastronomia da região. Quem estiver com bastante fome poderá puxar uma cadeira de madeira e simplesmente se render ao sabor do célebre empadão goiano, iguaria feita de frango, carne de porco, linguiça, guariroba e queijo.

    Outros pratos típicos de lá são o arroz de puta rica (feito com carnes defumadas) e a galinhada com pequi, o perfumado fruto do cerrado.

    Deixar-se levar, sem pressa, em direção a um vago tempo passado é, talvez, a melhor forma de incorporar-se ao ritmo da cidade, que já foi conhecida, tão propriamente, como Vila Boa de Goiás.

    ROBERTO DE OLIVEIRA, 41, é colunista da revista sãopaulo e conhece todos os Estados do Brasil –além do Distrito Federal.

    Para mais destinos, clique na cidade correspondente no mapa abaixo.

    Capa de turismo

    *

    HOSPEDAGEM EM GOIÁS

    R$ 110
    Para casal na Casa da Ponte. Res.: (62) 3371-4467

    R$ 216
    Para casal na Pousada do Ipê. Reservas: (62) 3371-2065; pousadadoipe.com

    R$ 250
    Para casal no hotel fazenda Manduzanzan. Reservas: (62) 9982-3373; manduzanzan.com.br

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024