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    Terra da Oktoberfest, Blumenau tem passeios por fábricas de cerveja e bares

    RENATA HELENA RODRIGUES
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE BLUMENAU E POMERODE (SC)

    14/09/2017 02h00

    As cidades catarinenses de Blumenau e Pomerode são vizinhas no Vale do Itajaí, distantes pouco mais de 30 quilômetros uma da outra. Além da proximidade geográfica, as duas também se assemelham na preservação da cultura germânica, resultado da imigração alemã para a região no início do século 19.

    Marcado pelas casas de arquitetura enxaimel, com vigas de madeira enviesadas aparentes na fachada, uma profusão de cabeças loiras, roupas e comidas típicas (os embutidos, o joelho de porco e o marreco recheado reinam), o cenário remete a lugarejos europeus.

    Essas não são, porém, as únicas heranças dos imigrantes: o gosto pela cerveja também é mantido há séculos -em Blumenau, a primeira fábrica da bebida foi aberta em 1860.

    De lá para cá, o apreço se manteve, mas com algumas mudanças embaladas pela onda das bebidas artesanais. Cervejarias da região vêm se estruturando para receber turistas, com lojas, bares e passeios guiados pela produção, que podem terminar com degustação da bebida.

    O Museu da Cerveja, no centro de Blumenau, abriga chopeiras e canecos usados nas primeiras edições da Oktoberfest brasileira, realizada desde 1984. Inspirado na festa de Munique, na Alemanha, o evento é o maior no calendário da cidade –o de 2016 ultrapassou a marca de 500 mil visitantes, que consumiram mais de 660 mil litros de chope.

    A edição deste ano acontecerá entre 4 e 22 de outubro (ingressos à venda em oktoberfestblumenau.com.br ). Em março, Blumenau, que recebeu o título de capital nacional da cerveja neste ano, também é palco do Festival Brasileiro da Cerveja. O evento chegará à sua 10ª edição em 2018, abrindo espaço a pequenos produtores.

    Endereço da Oktoberfest, a Vila Germânica funciona durante o ano inteiro. Fica ali o bar Bier Vila, que reúne mais de 400 rótulos de cerveja. Uma parede com 30 torneiras exibe a seleção de bebidas servidas sob pressão. A variedade pode confundir os leigos, mas a equipe local ajuda na decisão e, depois do brinde (em alemão: prost!), dá para bebericar nas mesinhas ao ar livre.

    O estabelecimento da Escola Superior de Cerveja e Malte na cidade, que oferece graduação em engenharia de produção cervejeira e, em 2016, recebeu mais de mil alunos, também reforçou a profissionalização do setor.
    Entre as cervejarias veteranas da cidade, a Eisenbahn, de 2002, cresceu e opera sob o comando da Brasil Kirin (comprada pela Heineken), mas não deixou sua terra natal.

    No bar Estação Eisenbahn, as bebidas são produzidas em fábrica anexa -dá agendar visitas (R$ 10 por pessoa). Ficam disponíveis ao menos 12 rótulos, alguns menos comuns, em outras prateleiras por serem edições especiais, caso da Eisenbahn Altbier (R$ 10,50; 500 ml).

    Outra tradicional marca da cidade, a Bierland, aberta em 2003, voltará a partir de outubro a receber turistas com um novo bar de fábrica e capacidade de produção dobrada, chegando aos 280 mil litros de cerveja por mês.

    Da mais nova leva, a Container começou em 2014 e segue a escola inglesa. A influência britânica é notada ainda na decoração do pub, ao lado da fábrica. No bar de luz baixa e rock na trilha sonora, dá para provar as cinco receitas -a régua de degustação, com três estilos, custa R$ 16. O trio de bebidas também encerra o passeio pelas instalações da produção (R$ 32).

    Ainda mais recente, a Cerveja Blumenau nasceu como uma marca cigana (sem endereço fixo) e, desde setembro de 2016, está em um espaço amplo, no bairro de Itoupavazinha. Ali são fabricadas as 11 bebidas –entre elas, a Capivara Little IPA, premiada em um festival na Bélgica–, que podem ser degustadas no bar anexo. É preciso agendar a visita guiada, que termina com degustação e custa R$ 20 por pessoa.

    Para experimentar o marreco recheado servido há mais de 30 anos no restaurante Abendbrothaus também é necessário reservar com antecedência. O único prato da casa, que só funciona aos domingos e fica na Vila Itoupava, a 25 quilômetros do centro, custa R$ 75 por pessoa, com oito acompanhamentos (entre eles salada de batata, chucrute e purê de maçã).

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    BÊ-A-BÁ DO CERVEJEIRO

    Brassagem
    Etapa de produção da cerveja, em que se hidrata o malte, se filtra o líquido e se leva à fervura

    Malte
    Pode ser composto de trigo, cevada, centeio ou de outros grãos germinados e torrados. É a matéria-prima para a bebida

    Lúpulo
    Flor aromática usada para agregar amargor na produção da cerveja. É muito perceptível nas bebidas de estilo americano, caso da IPA

    Lei da Pureza
    Foi instituída na Alemanha em 1516, determinando que as cervejas deveriam ser elaboradas com apenas três ingredientes: água, malte e lúpulo (posteriormente, passou a ser admitido o acréscimo de levedura)

    Growler
    Garrafão de vidro ou de cerâmica próprio para armazenamento e transporte de cerveja. Alguns bares enchem os recipientes com desconto no preço do litro

    Régua de degustação
    Oferecida nos bares de fábrica, enfileira copos pequenos com diferentes cervejas. Ideal para quem quer comparar bebidas e aprender sobre estilos

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