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    São Miguel dos Milagres e Gostoso têm praias tranquilas, brisa e estilo próprio

    ROBERTO DE OLIVEIRA
    EM SÃO MIGUEL DO GOSTOSO (RN) E SÃO MIGUEL DOS MILAGRES (AL)

    26/10/2017 02h00

    O padroeiro é o mesmo: São Miguel, que empresta seu nome a mais de 20 cidades espalhadas pelo Brasil. Mais que a devoção católica, o que une estes dois municípios do Nordeste do país é a combinação de clima de vilarejo de pescadores e praias quase sempre desertas e servidas por águas tranquilas, ótimas para velejar, mergulhar ou simplesmente relaxar no verão que vem aí.

    Em Alagoas fica São Miguel dos Milagres, um pequeno município, com cerca de 8.000 habitantes, ao norte da capital do Estado, Maceió, da qual dista, de carro, cerca de duas horas num trajeto cheio de belezas. Está situado na Rota Ecológica, trecho do litoral alagoano entre Barra do Camaragibe e Porto de Pedras. Não seria exagero dizer que ali há um paraíso de areias vazias até mesmo na alta temporada, com pousadas de luxo que recebem pouquíssimos hóspedes.

    Por toda a orla, assim que a maré começa a encher, vão se formando piscinas naturais de águas de coloração caribenha e temperatura brasileira, onde é possível relaxar em meio a peixes e corais.

    A praia é sombreada por extensos jardins de coqueirais. O verde intenso da folhagem se harmoniza com o branco da areia e com uma paleta de cores que passeia entre o anil e o tom esmeralda do mar, que chega a recuar cerca de dois quilômetros.

    A brisa é constante, mas, mesmo assim, a canga consegue ficar esticada na areia.

    São Miguel dos Milagres é um território bem mais tranquilo que o de sua "irmã" potiguar, São Miguel do Gostoso. Nesta, embora também impere a tríade sol, areia e mar, o movimento é mais intenso: casais e famílias disputam vagas em suas charmosas pousadas à beira-mar.

    Na chamada esquina do Brasil, no Rio Grande do Norte, a cidade tem 9.606 moradores, mas essa população, a cada temporada, só faz crescer, inflada tanto por brasileiros como por estrangeiros.

    É uma área procurada sobretudo por adeptos de esportes náuticos e por uma gente que gosta de terminar a noite em cafés, bares e restaurantes modernos.

    Para os adeptos do windsurfe e do kitesurfe, os ventos fortes são uma dádiva. Para quem curte se esticar na areia, nem tanto. É por isso que dá para dizer que São Miguel do Gostoso é uma praia mais indicada àqueles que gostam do clima praiano, mas que não fazem questão de se instalar numa cadeira sob um guarda-sol.

    As opções em terra acabam sendo o ponto de encontro dos viajantes.

    Para alcançar São Miguel de Gostoso, o visitante vai levar 90 minutos da capital potiguar, Natal, rumo ao norte do Estado, chegando bem pertinho do quilômetro zero da BR-101, uma das mais extensas rodovias brasileiras, que liga o Rio Grande do Norte ao seu homônimo do Sul.

    Na beira da praia, estende-se um mar mais escuro, de águas agitadas, colorido aqui e acolá por pipas de kitesurfe, pilotadas por grupos formados majoritariamente por europeus, que descobriram que o local é ideal para a prática desse esporte.

    Por isso mesmo, diferentemente de sua "xará" alagoana, São Miguel do Gostoso tem um ar cosmopolita e quase sempre é palco de alguma festa. Há uma espécie de "filosofia gostosense" de unir tanto forasteiros de várias partes do mundo quanto nativos em prol de ações para o município. O que não falta são ONGs de propósitos variados: cadastrar cães e gatos, proteger ninhos de tartarugas marinhas, promover a limpeza das praias.

    ORIGEM DO NOME

    Se o prenome das duas cidades é homenagem ao santo, cabe ao seu sobrenome revelar um pouco de seus segredos e crenças.

    Os moradores mais antigos de Milagres contam que o nome teve origem na história de um pescador que encontrou na praia uma peça de madeira suja, coberta de musgo e algas marinhas. O homem a levou para casa, onde começou a tarefa de limpá-la.

    Conforme a peça ia recuperando sua forma original, ele descobriu que se tratava de uma imagem de são Miguel Arcanjo, provavelmente caída de alguma embarcação.

    Luciano Veronezi/Folhapress
    Editoria de Arte/Folhapress

    Foi ao terminar o trabalho que se deu o milagre: espantado, o nativo percebeu que uma ferida que o afligia havia tempos estava inteiramente cicatrizada.

    Em Gostoso, a história é diferente. Em tempos já remotos, havia um morador que tinha por hábito hospedar caixeiros-viajantes.

    Enquanto preparava o café ou o jantar no fogão a lenha, o anfitrião divertia seus convidados contando histórias, sempre marcadas por longas e gostosas gargalhadas. Graças à peculiar gaitada, como é de costume dizer no Nordeste, o dono da casa, que ganha roupagens diferentes conforme o narrador da história (pode ser pescador, boiadeiro ou vendedor), começou a ser chamado de "seu" Gostoso.

    Bem se vê que, desde a origem, a cidade é marcada pelo ambiente festivo.

    Gente da terra e vizinhos das redondezas passaram a se referir à vila por Gostoso. Até hoje, é assim que chamam a cidade –uma placa desbotada na entrada anuncia: "Aqui se faz Gostoso". Já a colega alagoana nutre preferência pelo primeiro nome, São Miguel, ainda que turistas saiam de lá extasiados diante dos milagres de uma natureza exuberante.

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