Após 14 horas plugado em uma tomada de 110v, o Fiat 500e está com suas baterias recarregadas. A única unidade do compacto elétrico disponível no Brasil já pode partir para mais um passeio.
É o quarto dia de testes do carro, que até então havia circulado apenas pela cidade. O painel digital indica autonomia de 172 quilômetros, o que estimula a ir mais longe. É hora de pegar a estrada.
O roteiro escolhido inclui um trecho de 70 quilômetros (ida e volta) pela rodovia dos Bandeirantes. O objetivo é atingir a máxima de 120 km/h e ver como um compacto movido a eletricidade se comporta nessa condição.
Até então, o 500e só merece elogios. A força instantânea disponível faz o carrinho cantar pneu nas arrancadas, e esse é o único barulho ouvido. É preciso dosar o pé para que isso não aconteça, pois o carro cor de abóbora já chama bastante a atenção.
No mais, é um veículo bastante normal. A potência equivale a 111 cv, suficientes para chegar aos 100 km/h em cerca de 10s, de acordo com a Fiat. A velocidade máxima é limitada a 140 km/h.
Sua presença no país é apenas para mostrar o que a montadora pode oferecer. Com a legislação atual, a comercialização é economicamente inviável, pois o preço beiraria os R$ 200 mil - quase quatro vezes mais que um Fiat 500 Cult (R$ 56,9 mil).
Gira-se a chave e o painel digital se ilumina. A palavra "Ready" indica que o motor elétrico está funcionando. Sem barulho, nem fumaça.
O primeiro trecho da viagem é pelo trânsito pesado das ruas do centro de São Paulo até a marginal Tietê. A autonomia cai cerca de 20 quilômetros assim que o ar-condicionado é ligado, mas nada que ameace a avaliação.
Na rodovia, a situação começa a mudar. O 500e ganha velocidade rapidamente, e a carga das baterias começa a cair no mesmo ritmo.
Ao chegar no ponto de retorno, o marcador de autonomia indica que é possível percorrer mais 64 km. A distância até o destino final é de aproximadamente 45 km, mas a rápida queda de energia exige que o ar-condicionado seja desligado.
PLUGADO NO POSTO
Em um posto de gasolina, a equipe de reportagem explica que precisa plugar o carro para garantir um pouco mais de carga. Dois frentistas se dispõem a ajudar e indicam uma tomada de 220v, não sem fazer uma série de perguntas sobre o carro.
O 500e é estacionado no box de troca de óleo, onde é ligado à rede elétrica. Com a voltagem maior, basta meia hora para conseguir energia suficiente para voltar sem sustos à redação da Folha.
A experiência ajudou a entender que o comportamento de um elétrico é muito semelhante ao de carros "normais", exceto no consumo.
Enquanto automóveis a gasolina bebem mais combustível na cidade, os movidos a eletricidade são mais gastões na estrada, situação em que os freios regenerativos, que recuperam parte da energia, atuam menos.
Dessa forma, só será possível viajar com veículos como o 500e quando as baterias evoluírem a ponto de dobrar a autonomia e os postos tenham, pontos de recarga rápida para os elétricos.