Nos assuntos de cozinha, a presidente Dilma Rousseff nem sempre reproduz o estilo exigente e duro, tão comum no dia a dia do Palácio do Planalto. Prefere pratos simples aos sofisticados, desde que bem-feitos.
"A comida de que eu gosto é qualquer coisa com arroz", diz a presidente da República a auxiliares quando fala das suas predileções gastronômicas. Gosta da versão "integral ou sete grãos", mas tem de ser soltinho, refogado com alho e cebola. Chega a comê-lo puro, às vezes.
A taxa de exigência só atinge o grau de "espancamento" tradicional dos projetos de governo quando o menu é ovo frito.
Tem de ser caipira e, nestes tempos de Presidência, vindo de galinha criada solta na Granja do Torto, uma das residências oficiais usada aos fins de semana. Ai do auxiliar que servir a gema fora do ponto certo. Não pode ser nem muito mole, nem muito dura.
A presidente da República adora comer. E não costuma recusar uma fatia de queijo, especialmente do tipo branco, mineiro. Também tem queda pelo italiano grana padano, um dos mais consumidos no mundo.
Carlos Araújo, seu ex-marido e pai de sua única filha, Paula, sorri quando é perguntado sobre os dotes culinários de Dilma. E desconversa.
Mas a própria Dilma já confidenciou a interlocutores: nos tempos de prisão, seu dia de cozinhar não era o mais aguardado pelas companheiras de cela.
Apesar da fama de má cozinheira, Dilma já preparou omelete em rede nacional no programa da Ana Maria Braga, na Globo. E volta e meia tenta ensinar receitas a funcionários e amigos.
| Renato Rocha Miranda/Divulgação/TV Globo |
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| Dilma Rousseff é recebida por Ana Maria Braga |
Ela, aliás, chegou a mandar comprar um fogão para poder fritar ovos no segundo andar do Palácio da Alvorada sem ter de cruzar a residência oficial para chegar até a cozinha, no subsolo do prédio. Mas o fogão ficou encalhado. Motivo: no pavimento não há exaustor, e a presidente não pôde atacar de chef.
Araújo faz um dos pratos preferidos da ex-mulher: carne de panela. "Jogo a alcatra em panela funda de ferro com alho. Depois, uma camada grossa de cebola, seguida por outra com tomate sem casca e sem semente. Levo ao fogo até ficar com um caldo bem escuro", disse ele à Folha. "Ela adora", diz.
Dilma sempre pede para que o hoje amigo faça a especialidade em datas comemorativas.
POLPETTONE E CARBONARA
Desde os tempos da campanha, um discreto motorista vai ao Villa Tevere, tradicional restaurante italiano da capital federal, comprar polpettone para a chefe. Dilma Rousseff gosta tanto do prato que pediu que sua cozinheira aprendesse a fazê-lo.
| Pedro Ladeira/Folhapress |
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| Polpettone do restaurante Villa Tevere, em Brasília, um dos preferidos de Dilma, que costumava frequentar o local |
Em 2010, a empresa que alugava o jatinho que transportava a então candidata petista pedia o prato ao restaurante porque não conseguia agradar a passageira com sua versão "genérica".
Apesar da fissura pelo polpettone, o fraco de Dilma é massa, vilã de seus regimes baseados na dieta da proteína. Outro dia, ensinou garçons e funcionários do gabinete a fazer espaguete à carbonara. "É fácil: refoga o azeite, joga bacon, quebra um ovo, e adiciona queijo."
Veja a receita do polpettone do Villa Tevere
Veja a receita do carbonara do Villa Tevere
Todas as manhãs, ela aprova o cardápio do dia com a chef Andréa Munhoz, entrevistada pessoalmente por Dilma antes de ser contratada.
Quem costuma frequentar a residência oficial da Presidência da República diz que a comida melhorou por lá.
Coincidência ou não, a própria petista reconheceu ter ganhado uns quilinhos e, pela enésima vez desde que subiu a rampa do Palácio do Planalto com a faixa presidencial, entrou em regime.