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    Vinho de sobremesa sul-africano tem 300 anos de história e fãs famosos

    SILVIO CIOFFI
    ENVIADO ESPECIAL À ÁFRICA DO SUL

    16/04/2014 04h01

    Há três séculos, o vale de Constância, na África do Sul, faz vinhos de sobremesa que colecionam fãs ilustres, como os imperadores Napoleão Bonaparte (1769-1821) e Frederico, o Grande (1712-1786), o presidente sul-africano Nelson Mandela (1918-2013) e os autores franceses Alexandre Dumas (1802-1870) e Charles Baudelaire (1821-1867).

    Brilhante e dourado, o Vin de Constance é feito com uvas moscatel tintas e brancas. Cheio e viscoso na boca, tem aromas que lembram o pêssego e a casca de laranja. Fica perfeito com doces de damasco, pêssego e pera. Também vai bem com canapés de patê de fígado, além de queijos como roquefort e gorgonzola.

    Divulgação
    Vin de Constance
    Vin de Constance

    O mítico Vin de Constance é fabricado por uma das mais tradicionais casas produtoras sul-africanas, a Klein Constantia (kleinconstantia.com). A Groot Constantia (grootconstantia.co.za) também faz seu vinho de sobremesa, o Grand Constance, não tão célebre como seu vizinho.

    As vinícolas ficam a 20 km de Stellenbosch, cidade ao pé de uma montanha. Entre 1685 e 1823, as propriedades formaram uma só enorme fazenda.

    PRIMEIROS VINHEDOS

    Ambas ficam no complexo vitivinícola da Província do Cabo, que tem mais de 100 mil hectares cultivados com videiras. No centro da província está a Cidade do Cabo, onde vivem 3,5 milhões de habitantes. Metrópole europeizada à beira-mar, a cidade é capital legislativa do país e da província do Cabo Ocidental.

    Foi na província que, há séculos, os primeiros vinhedos da África foram plantados. A história do Vin de Constance remonta a 1679, quando Simon van der Stel se tornou o administrador da colônia holandesa no Cabo para a Companhia das Índias Orientais.

    Van der Stel tinha como missão fazer de Stellenbosch o centro de uma área de importância econômica. Para tanto, valeu-se dos investimentos realizados duas décadas antes por Jan van Riebeeck, outro dirigente da companhia a quem se credita o plantio pioneiro de videiras na província do Cabo.

    Nos anos 1800, além de Napoleão e Frederico, o Grande, o "rei burguês" da França Luís Felipe de Orleans (1773-1850) foi mais um dos clientes ilustres desse vinho.

    Mesmo com o transporte precário daquela época, o Vin de Constance chegava em boa forma à Europa, onde também foi desfrutado por escritores como Charles Baudelaire e Alexandre Dumas. O vinho é citado inclusive no romance "A Viuvinha", de José de Alencar, um típico folhetim brasileiro do século 19.

    Com o passar dos séculos, a indústria vitivinícola mundial enfrentou pragas e experimentou mudanças, mas o Vin de Constance, cujas garrafas de 500 ml ainda são ícones mundiais em sua categoria, nunca desapareceu.

    Com o passar do tempo, seu gênero ficou conhecido como "late harvest" (colheita tardia). Para alcançar o resultado que tornou esse vinho tão característico e longevo, as uvas, já quase passas, são colhidas tardiamente, para que os frutos tenham grande concentração de açúcar.

    As vinícolas do vale de Constância podem ser visitadas sem necessidade de agendamento (horários de visita estão nos sites). Além dos vinhos de sobremesa, produzem vinhos com uvas tintas
    e brancas, como pinotage, sauvignon blanc, chardonnay, riesling renana, cabernet sauvignon, shiraz, merlot e a própria moscatel.

    Na Klein Constantia, os vinhedos estão plantados na parte mais alta, a uma altitude de 70 m. A vinícola oferece degustações, possui um bistrô chamado Le Gavroche e vende, além de vinhos e mel, um azeite gourmet aromático e de baixa acidez.

    Já a Groot Constantia recebe visitas guiadas, realizadas por ônibus que partem da Cidade do Cabo. A propriedade herdou a sede histórica original da propriedade, cujo estilo é característico do período colonial do Cabo.

    Há também um simpático restaurante ao ar livre, o Jonkershuis, com vista para o oceano e para as montanhas que circundam o vinhedo. Ali são servidos pratos inventivos, como curries acompanhados de arroz do tipo basmati e nacos de carnes churrasqueadas em lenhas, de uma maneira típica que os sul-africanos chamam de "braai".

    O jornalista viajou a convite da Wines of South Africa

    VIN DE CONSTANCE 2008
    ONDE COMPRAR Grand Cru (tel. 11/3062-6388)
    QUANTO R$ 452

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