A crescente chegada de cozinheiros colombianos, peruanos e mexicanos, entre outros, a São Paulo fez a cidade ganhar novos restaurantes que praticam as cozinhas "hermanas".
Só neste ano, ao menos cinco casas foram abertas na capital –o colombiano Maíz, o mexicano La Sabrosa, o argentino La Guapa e os peruanos Huaco e Nazca.
Eduardo Knapp/Folhapress | ||
Ingredientes latino-americanos |
Mas, apesar de o Brasil estar incluído na chamada cozinha latino-americana, contemplada inclusive por um prêmio internacional –o 50 Best América Latina, com cerimônia a ser realizada nesta quarta (3), em Lima, Peru–, os chefs não encontram tão facilmente aqui os ingredientes que permeiam sua memória afetiva.
Assim, para reproduzir os sabores de lá, eles adaptam receitas, trazem ingredientes na mala, convencem importadores e, principalmente, entusiasmam produtores rurais no interior do Estado.
"Com os ingredientes brasileiros conseguimos, de alguma forma, nos suprir. Mas queremos ter algo para matar a saudade de casa", diz o colombiano Dagoberto Torres, do Suri e do Maíz.
Há oito meses, ele recebeu, no Suri, 400 quilos de "papa criolla" do produtor Ubaldo Angelini, de Piedade (SP). A "encomenda" –uma batata amarela, com menos amido, leve e ideal para cozidos– foi resultado de um estímulo de Dagoberto, que está em São Paulo há cinco anos.
Havia dois anos Ubaldo plantava essa batata, mas tinha dificuldade para colocá-la no mercado. "Aí apareceu Dagoberto e ajudou a pensar na viabilidade da produção. Por causa dessas parcerias, a gente se mantém firme na proposta de atender restaurantes", afirma.
Pimentas frescas e secas também são alvo das mais intensas saudades dos nossos vizinhos.
"A diferença cultural é gritante e, para não sofrer tanto, o imigrante traz o que pode consigo", diz o boliviano Checho Gonzáles, que veio para o Brasil com a família na década de 1970 e planeja abrir até outubro a Comedoria Gonzáles, no Mercado Municipal de Pinheiros, onde servirá ceviches e sanduíches.
"Ainda vou ser preso por contrabando de batatas", brinca o cozinheiro, já que é proibido trazer produtos de origem animal e vegetal sem autorização do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Para o restaurateur mexicano Hugo Delgado, do Obá e da recém-aberta taquería La Sabrosa, ambos nos Jardins, a situação hoje é bem diferente de quando chegou por aqui, há 15 anos.
"Em relação ao que tínhamos há dez anos, por exemplo, muita coisa mudou. Justamente por causa dos produtos que temos agora conseguimos abrir a taquería", afirma Delgado.
*
ONDE COMER
COMEDORIA GONZALES
Onde r. Pedro Cristi, 89, Pinheiros (a partir de outubro)
la guapa
Onde r. Bandeira Paulista, 446, Itaim Bibi; tel. (11) 3079-2631
LA MAR
Onde r. Tabapuã, 1.410, Itaim Bibi; tel. (11) 3073-1213
Maíz
Onde r. Mateus Grou, 472, Pinheiros; tel. (11) 3034-6551
OBÁ
Onde r. Dr. Melo Alves, 205, Cerq. César; tel. (11) 3086-4774
SURI
Onde r. Mateus Grou, 488, Pinheiros; tel. (11) 3034-1763
TAQUERÍA LA SABROSA
Onde r. Augusta, 1.474, Bela Vista; tel. (11) 2924-6989
TRADICIONES PERUANAS
Onde av. Rio Branco, 439, República; tel. (11) 3843-6923
ONDE COMPRAR
FEIRA BOLIVIANA PRAÇA KANTUTA
Onde r. Pedro Vicente, s/nº, Pari
Quando dom., das 11h às 19h
RUA COIMBRA
Onde Flores Bolívia (r. Coimbra, 134; tel 11/2693-8040) e outras lojas
TORTILLAS DA JERUSA
Onde tel. (11) 4666-4893
Quanto R$ 25 (30 tortillas)