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    'D.O.M. é o melhor tecnicamente, mas identidade latina pesa na avaliação', diz Josimar Melo

    DE SÃO PAULO

    04/09/2014 10h00

    Josimar Melo, crítico da Folha e um dos presidentes do júri do prêmio 50 Best, falou sobre a premiação, realizada na noite desta quarta-feira (3), em Lima, no Peru.

    O restaurante Central, dos chefs Virgilio Martinez e Pía León, ficou em 1º lugar, desbancando outros mais cotados ao prêmio, como o peruano Astrid y Gastón, vencedor do ano passado, e o paulistano D.O.M., do chef Alex Atala.

    "Tecnicamente, o D.O.M. é o melhor restaurante da América Latina, sem dúvida. Mas o prêmio não é técnico, ele busca tendências e opiniões. E é natural que, em um painel de votação dominado por latino-americanos, as pessoas se identifiquem mais com cozinhas que lhe são familiares", diz Melo.

    "Isso vale para comidas mais populares, como arepas e pamonhas, mas também para a cozinha de vanguarda –se um latino-americano come no Central e no D.O.M., é nos pratos do Central que ele vai encontrar mais referências culturais, familiares".

    Para o crítico da Folha, responsável por escolher os 63 jurados brasileiros que compõem o painel (de 252 membros), pesam contra o Brasil, nesta premiação, dois fatores principais: as tradições europeias e africanas –à mesa, mas também fora dela, em elementos como o idioma; e o distanciamento que grandes centros, como São Paulo e Rio, ainda têm da Amazônia.

    Segundo ele, países como Colômbia, Peru, Bolívia e mesmo a Argentina, em seu norte, convivem de forma mais harmoniosa, gastronomicamente falando, com a floresta.

    "Um sujeito do Equador se identifica mais com a cozinha peruana e colombiana do que com a brasileira. Os hotéis nesses países, por exemplo, oferecem frutas amazônicas no café da manhã, o que não se vê em São Paulo, Rio, Minas, Porto Alegre", diz Melo.

    "Uma votação honesta na América Latina vai ter gosto dominante andino: mais batata, mais milho e menos arroz, menos pratos africanos. Mas, na lista mundial, que tem um painel de mais de mil pessoas, das mais variadas origens, o Brasil pode levar vantagem, porque o D.O.M., por exemplo, está léguas à frente de seus concorrentes".

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