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    Vinhos ibero-americanos apostam investimentos no mercado brasileiro

    DA EFE

    20/10/2014 13h58

    Os sabores das uvas exóticas e os solos de diferentes climas transformaram o paladar dos brasileiros, que deixaram um pouco o vinho de estilo suave para preferir os acentuados sabores dos vinhos chilenos e argentinos, ao mesmo tempo que se encantam com o tânico espanhol.

    Com uma intensificação na promoção e degustações em cidades como São Paulo, a mistura de sabores de uvas surtiu efeito: "O Brasil é o mercado mais importante para nós", enfatizou o chefe de Promoção de vinhos espanhóis, Antonio Correas.

    Robson Ventura -18.mai.2012/Folhapress
    Em 2013 o Brasil comprou 6% de vinhos espanhóis
    Em 2013 o Brasil comprou 6% de vinhos espanhóis

    Entre os vizinhos Argentina, Chile e Uruguai, algumas adegas familiares ganham espaço nos restaurantes e casas de nossas terras tropicais.

    Algumas apostas em novas colheitas e tipos como o Pinot Noir, tipicamente francês mas com seu estilo sulista, foram bem recebidas pelo paladar dos brasileiros.

    Um pouco mais devagar, mas firme, o Uruguai também acrescentou opções ao mercado com a vinícola Deicos, que produz um vinho com características parecidas à dos europeus, mas a um custo muito mais barato.

    "O paladar brasileiro prefere vinhos mais frutíferos, saborosos e com preço bom e nos últimos anos, os vinhos uruguaios e argentinos, por exemplo, estão oferecendo colheitas de 22 meses em tonel de carvalho francês com vinte anos de estocagem", declarou à Agência Efe Edimara Cruz, representante de importadores paulistas.

    O Brasil foi um mercado foco também para os produtores espanhóis, que com notas ácidas e uvas exóticas conquistaram as mesas de toda a região Sudeste, do Estado da Bahia e do Distrito Federal.

    "Queremos promover uvas autóctones, não globalizadas. É a primeira vez que fazemos um plano de promoção pioneiro por tantos meses, pois até agora tinham sido ações isoladas. A ideia é interagir com eventos que estejam no calendário brasileiro", explicou Correas sobre o programa antecipado pela Espanha.

    O Festival de Vinho Sul-Americano, no início de outubro, e a promoção organizada pela agência espanhola de exportações e investimentos ICEX com degustação de dez tipos de vinhos de 23 vinícolas, foram algumas das estratégias recentes dos produtores ibero-americanos em São Paulo.

    Em 2013 o Brasil comprou 6% de vinhos espanhóis, 7,54% mais que em 2012, e, por sua vez, a Espanha é a maior superfície vinícola do mundo, com um consumo per capita de 20 litros anuais.

    "Queremos mostrar que esses vinhos se dão muito bem com a comida de bar, os pasteizinhos e o churrasco. Um dos objetivos é familiarizar esses vinhos com os costumes dos brasileiros", indicou Correas, lembrando que os vinhos espanhóis estão presentes há muitos anos no Brasil e agora com melhor preço.

    Uma das estratégias, detalhou Correas, foi a "evolução na produção espanhola" com uma colheita "mais jovem", para deixar para trás o estereótipo de que os vinhos espanhóis tinham "muita carga de madeira" e apesar de serem "premiados" não ofereciam "combinações gastronômicas".

    O mercado brasileiro demanda vinhos mais "amenos, jovens e gastronômicos", o que motivou as mudanças do modelo produtor espanhol, que mantém sua característica "artesanal" e "exclusiva" com uma reserva mínima de três anos, comentou à Efe o sommelier Arthur Azevedo.

    O clima e diversidade de solos fazem a diferença dos vinhos de regiões espanholas como La Rioja, Navarra, Valência e Andaluzia.

    As uvas vão além da tradicional tempranillo, como a exótica garnacha de 1910, que dá mais cor e teor alcoólico, ou a de Jerez para o vinho branco, diferente das cabernets blancs argentinas e chilenas que dominam o mercado brasileiro.

    A Jerez espanhola é produzida apenas em três regiões de solos brancos argilosos, que se diferencia por ser "extremamente seco, ácido, mas bem fresco", finalizou Azevedo.

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