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    Sour beer, de acidez marcante, ganha fôlego no Brasil com lançamentos

    BRUNO AGOSTINI
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    23/01/2015 02h00

    Na Bélgica, as sour beers, ou cervejas azedas, são uma tradição, muitas vezes resultado de fermentação espontânea. Elas também estão na moda em outros países da Europa, como a Dinamarca.

    Nos Estados Unidos, elas viraram um dos tipos mais cultuados dos últimos anos, por meio de variações como sour ales ou fruit beers.

    Livros tratam exclusivamente do tema, como o "American Sour Beers", publicado no segundo semestre do ano passado pela Brewers Association, a associação dos cervejeiros artesanais de lá.

    No Brasil, elas começaram a chamar a atenção com o lançamento, em 2011, da mineira Falke Vivre Pour Vivre, que leva suco de jabuticaba.

    Foi o ano de 2014, porém, que marcou a entrada do país de vez nesse universo. No ano passado, foi lançado o trio Sour Me Not, da cervejaria Way, do Paraná, feito com adição de frutas (morango, acerola e graviola). Para este ano, a marca promete uma versão com a fruta uvaia.

    Divulgação
    O cervejeiro dinamarques Mikkel Borg
    O cervejeiro dinamarques Mikkel Borg que garante fazer cerca de 600 rótulos da sua marca Mikkeller

    Esta e outras sour beers são caracterizadas pelo azedinho, pela acidez marcante e por terem muito frescor. Algumas podem ter até sabor de vinagre balsâmico.

    Em dezembro, a Wäls, de Belo Horizonte (MG), lançou a Wild Ale EAP, uma edição com apenas mil garrafas de uma cerveja que demorou quatro anos para ficar pronta. Amadurecida em barricas de carvalho, com longa fermentação, ela usa leveduras naturais misturadas a fermento belga, e é classificada como "selvagem".

    Outra novidade está a caminho: a Invicta, de Ribeirão Preto (SP), anunciou a produção de sour beer com cajá, que ficará pronta em março.

    Especialistas reconhecem que, por levarem mais tempo para ficar prontas e pelo resultado ser praticamente imprevisível, sua produção é muito mais difícil.

    "Comecei a gostar da sour, a entendê-la, e passei a ver a dificuldade que é fazê-la", conta o cervejeiro Alessandro Oliveira, da Way Beer, que gastou quase um ano para lançar a linha Sour Me Not.

    "Fiz testes com mais de 40 frutas e essas três, morango, acerola e graviola, foram as de que mais gostei. Tem muito brasileiro que nunca provou acerola ou graviola. Então, recomendo que se prove primeiro a de morango, para perceber o que vem da fruta e o que vem da cerveja."

    Ele reconhece, no entanto, que esse é um mundo ainda novo por aqui. "Tem gente que manda e-mail para nós dizendo que comprou cerveja estragada, azeda", diz, em referência ao sabor de vinagre que a bebida pode ter.

    Além das novidades nacionais, importadoras também estão trazendo rótulos de fora, como a Mikkeller Spontanrosehip, uma fruit lambic belga lançada em 2013.

    Na Bélgica, a principal referência é a Brasserie Cantillon Brouwerij, cervejaria que faz variações com frutas e outras versões maturadas em barricas de vinho.

    SAIBA MAIS

    Em tese, toda lambic é uma sour beer, por causa do processo de fermentação, que inclui leveduras naturais e bactérias.

    Mas a lambic é um estilo feito com exclusividade na Bélgica -é quase como não poder chamar um espumante brasileiro de champanhe.

    Por serem tão específicas, viraram uma categoria à parte.

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