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    Aluguel barato atrai bares e restaurantes 'hipsters' para o centro

    BRUNO FÁVERO
    DE SÃO PAULO

    25/01/2015 02h00

    Danilo Verpa/Folhapress
    José Tibiriçá, o Tibira, no Armazém Álvares Tibiriçá, na Santa Cecília
    José Tibiriçá, o Tibira, no Armazém Álvares Tibiriçá, na Santa Cecília

    Aluguéis mais baratos, acesso fácil e a saturação de tradicionais polos boêmios da cidade levaram uma onda de bares, restaurantes e cafés a se instalarem no Centro.

    Só entre dezembro e janeiro foram inaugurados na região dois cafés (Por um Punhado de Dólares e Beluga Café), uma hamburgueria (Holy Burger), dois restaurantes (Armazém Álvares Tibiriçá e taquería La Central) e um bar (Drosophyla). Eles se somam a outros estabelecimentos abertos durante o ano, como o bar Mandíbula e o Conceição Discos.

    Em comum entre a maioria, o ar "hipster", estrutura enxuta e serviço com poucas formalidades.

    "A Vila Madalena ficou insuportável, cafona e cara. O centro tem menos pretensão, não tem isso de 'ver e ser visto'. Em resumo: tem menos frescura", acredita José Tibiriçá, 50, o Tibira.

    Ele e seu sócio Marcelo Álvares abriram o Armazém Álvares Tibiriçá, uma mistura de bar, restaurante e mercearia de inspiração ibérica. Pagam R$ 9 mil de aluguel por 200 m². Nos Jardins, estimam, pagariam até R$ 25 mil. Segundo ele, a economia lhe permite cobrar preços "mais justos" –seus pratos variam de R$ 28 a R$ 38.

    "Desde o começo, eu e meu sócio sabíamos que não abriríamos nada em Pinheiros ou na Vila Madalena. Os lugares lá ficaram grandes, impessoais, desconectados do entorno", analisa o ex-designer Rodolfo Herrera, 32, que abriu o Beluga Café, na Santa Cecília, em dezembro.

    A Galeria Metrópole, na avenida São Luís, abriga o pequeno bar de rock Mandíbula e é um dos símbolos do processo de reocupação do bairro. Reduto de lojas chiques nos anos 1960, o prédio entrou em decadência junto com a região. Hoje, tem bares, restaurantes, escritórios de arquitetura e um espaço para shows.

    "A vida noturna de São Paulo já rolou muito pelo Centro no passado. Agora há essa onda recente de estabelecimentos abrindo. Isso só aconteceu por causa de iniciativas pioneiras como o [bar/balada] Alberta e a [festa] Voodohop" diz o ex-publicitário Bruno Bocchese, 32, sócio do Mandíbula.

    Para Marcel Solimeos, economista-chefe da Associação Comercial de São Paulo, a volta de órgãos públicos e a abertura de faculdades na região alavancou a demanda por mais estabelecimentos.

    "O que diferencia o comércio do Centro é que, no geral, ele depende das pessoas que vão para a região para trabalhar ou em busca de algum serviço, não de moradores das proximidades", diz.

    O QUE FALTA
    Quando eu abri o primeiro Drosophyla, na rua Pedro Taques, em 2002, era um lugar inóspito. Todo mundo me achava louca" diz Lilian Varella, dona do bar que foi reaberto em janeiro em um casarão secular, a uma quadra da praça Roosevelt.

    Varella enxerga melhoras na região desde então, mas diz que ainda há problemas para serem resolvidos.

    "Por exemplo, não consegui pôr uma internet rápida aqui, o máximo que as operadoras oferecem é 3 Mbps, o que não é suficiente", diz ela.

    Para Tibira, ônibus circulando 24 horas por dia ajudariam a atrair clientes que ainda resistem para ir até o Centro e facilitariam a vida dos empregados que moram em locais distantes. Segundo ele, a segurança também precisa ser reforçada.

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