Jamie Oliver falou com a Folha por e-mail sobre seu restaurante em São Paulo, o "obsessivo" controle que procura manter com suas franquias e seu papel de chef-celebridade. Leia os principais trechos da entrevista.

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Folha - Como garantir o rígido controle de suas casas?
Jamie Oliver - Sempre brinco dizendo que somos difíceis de trabalhar, mas provavelmente somos mesmo. Todos os nossos parceiros têm que concordar em manter as mesmas diretrizes rigorosas que definimos para os produtos que usamos. Tenho uma equipe brilhante, que visita todos os fornecedores com antecedência, para garantir que a qualidade está lá. Pode parecer obsessivo, mas é como podemos garantir que nossos restaurantes usem produtos de boa qualidade, sustentáveis.

Pessoas dizem que você se envolve diretamente nos restaurantes. Quanto se envolveu desta vez?
Estou envolvido em todos os níveis, do design da casa aos cardápios. O Jamie's Italian ainda é meu bebê.

Em um cenário competitivo como São Paulo, onde a culinária italiana é forte, qual deve ser a marca da casa?
Somos um ótimo restaurante de nível intermediário e preço acessível. Não tentamos ser de alta cozinha ou formais, só queremos que as pessoas venham, relaxem com os amigos. Dito isso, acredito que os produtos que usamos estão no mesmo nível que os de restaurantes top da cidade.

São Paulo estava na sua mira?
Sempre quis abrir uma casa no Brasil. É um país que me excita mais do que qualquer outro: a cultura, as paisagens, a comida, as pessoas –é incrível!

Você conhece quanto de comida brasileira?
Meus pratos favoritos devem ser feijoada e moqueca. No Jamie's Italian de São Paulo devemos manter o cardápio bem italiano, mas isso não quer dizer que não podemos ter toques brasileiros –a picanha deve entrar nos especiais do dia.

Acredita que chefs-celebridade devem ter um papel político além da cozinha?
Acho que quanto mais pessoas se envolverem a favor da boa alimentação e da educação alimentar, melhor.

É possível unir comida saudável e produção sustentável?
Acho que sim. Precisamos caminhar em direção ao vegetarianismo ao mesmo tempo em que construímos um lugar para criações sustentáveis de animais, pesca sustentável e até comida selvagem, de fontes sustentáveis. Tenho me alimentado de mais comida vegetariana hoje –provavelmente três dias da minha semana são vegetarianos–, e acho que se temos usado mais áreas para plantar grãos que alimentam animais que comemos quando poderíamos usar a mesma área para plantar alimentos para nós mesmos comermos, devemos repensar o sistema.

Sente falta de ter o perfil de chef de restaurante?
É raro passar um dia sem cozinhar, então me considero muito sortudo. Fico feliz podendo experimentar e criar.